A comemoração do Ano Europeu das Línguas foi uma iniciativa que partiu da União Europeia e do Conselho da Europa em 2001. Desde então o dia 26 de Setembro é consagrado às línguas europeias. Os objetivos desta celebração são muito claros: sensibilizar o público para o plurilinguismo na Europa, cultivar a diversidade cultural e linguística e incentivar as pessoas a aprenderem línguas, dentro e fora do contexto escolar.
A União Europeia, de que Portugal faz parte, possui um imenso património linguístico: 23 línguas oficiais e mais de 60 línguas regionais ou minoritárias, além das línguas faladas pelas pessoas de outros países e continentes que vivem na Europa. Na Biblioteca do Agrupamento D. Carlos I decidimos aliarmo-nos a essa celebração, até pelo facto de termos como alunos crianças que nasceram em outros países ou são descendentes de cidadãos de outras nacionalidades que não a Portuguesa. Para isso convidámos estes alunos a escreverem, se possível com a ajuda dos Encarregados de Educação, a seguinte frase:
“Eu gosto de Ler!".
Para além da vertente pedagógica que a atividade encerrou - a consciência precoce da diversidade linguística, a familiarização com conceitos tais como fronteiras, naturalidade, nacionalidade, emigração e imigração, entre outros -, a mesma procurou subliminarmente contribuir para a aceitação do outro e o desenvolvimento de sentimentos de tolerância entre povos e culturas em redor de um bem precioso que não conhece fronteiras geográficas ou linguísticas: a leitura! De facto, nunca será demais comemorar a diversidade linguística e fomentar a aprendizagem das línguas, sobretudo porque as línguas são um dos fundamentos da construção europeia. De igual modo, numa sociedade tão globalizada como aquela em que vivemos, o domínio de línguas estrangeiras pressupõe mais possibilidades de encontrar um emprego e por conseguinte melhores condições de vida.
No dia em que foram expostas as fotografias dos nossos amiguinhos da Biblioteca, ouviram-se imediatamente risinhos e exclamações de surpresa. Também houve narizes torcidos. Uma aluna debruçada sobre a língua Russa observou perplexa o complexo alfabeto cirílico. Um outro aluno ficou admirado com a perícia de Sun na grafia Chinesa.
Maxim Caraman, 11 anos . Nasceu na
Moldávia, na capital que se chama Cisnau. Veio viver para Portugal em bebé. Em
casa fala Moldavo com os Pais e na escola Português.
Ksenía Smirnova, nasceu
em São Petersburgo na Rússia. Está em Portugal há 9 meses. Ainda não fala
Português fluentemente e muitas vezes recorre ao Inglês.
Walter e Wesley Reis são irmãos e
nasceram em Cabo Verde. Ambos sabem falar crioulo. Estão em Portugal há um ano.
A Melissa, a Clara e a
Eliana também nasceram em Cabo Verde. A Clara está em Portugal há pouco mais de
três anos. Em casa fala crioulo com os Pais. Na escola já fala bem Português.
Sun Jiange anda no 5.º ano de
escolaridade. Fala Mandarim e só um pouquinho de Português. Sabe escrever os difíceis caracteres Chineses.
Erika Ariel nasceu em S. Tomé e
Príncipe. Frequenta o 5.º ano de escolaridade. Sempre falou só Português.
Ruilsa Uteio nasceu na Guiné.
Frequenta o 9.º ano de escolaridade. Nunca aprendeu a falar crioulo. Veio para
Portugal aos dois anos.
António Sousa nasceu no Brasil e
frequenta o 7.º ano de escolaridade. Fala Português do Brasil ou Português açucarado.
Abigail Tavares nasceu em Moçambique mas viveu sete anos na África do Sul onde aprendeu Inglês, um pouco de Afrikaans e até umas palavrinhas de Zulu!
Está em Portugal há três meses mas já fala bem Português.
Nos dias 26 e 29 de setembro de 2014, esteve ainda a passar na Biblioteca o documentário
“In Languages we live - voices of the world”
[Quando os homens começaram a viver juntos e tiveram palavras,
desenvolveram uma nova consciência.
Quase toda a nossa consciência é um fluxo de pensamento em forma de
palavras…]
A lição do dia 26 de Setembro é muito clara. Apesar de dispormos de muitas línguas, falamos a uma só voz!
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