Assim sendo, a grande vencedora do 1.º Ciclo foi a aluna Mónica Espírito Santo, do 3.º e 4.º A da EB1 D. Carlos I, que nos contemplou com um texto cheio de aventura e suspense e pelo qual está realmente de parabéns.
Depois de lermos o laborório secreto da promissora escritora, ficamos já com vontade de ler o próximo episódio com acesso direto à porta para o passado...
O Laboratório Secreto
Num belo dia de Inverno, lá para Coimbra,
nevava tanto que não se conseguia ver as belas pontas das montanhas do vale. Era
um dia especial porque era véspera de Natal. E a família Costa estava toda
junta num dos quartos do hotel de Coimbra. Naquele dia jantaram, e à meia-noite
em ponto, todos abriram as suas prendas. A mãe da Raquel, da Laura e do Pedro
começou por abrir as prendas.
– Esta é para a Rosinha! – disse a mãe
para a sua sobrinha que tinha dois anos.
– Raquel esta é tua!
– Obrigada mãe, e o que será? – perguntou
Raquel com curiosidade.
– Não sei, abre! – respondeu a mãe.
E assim, ora era prenda para a mãe, ora
era prenda para o pai, ou era para os avós de Raquel, Laura, Pedro e Rosinha,
ou era para a tia ou para o tio, ou para a Laura. E assim passaram uma hora e
meia a abrir prenda daqui e dali.
Depois disso tudo, os irmãos foram para
um quarto dormir porque já era muito tarde. Por volta das três da manhã do dia
de natal, vinte e cinco de dezembro, Laura, a irmã mais nova, acordou de
sobressalto, pois começou a ouvir passos de metal. Saiu da cama e foi acordar
os irmãos.
– Raquel acorda, acorda, acorda!
– Vai-te deitar Laura! Ainda não são
oito e meia da manhã!
– Não consigo, tenho medo!
– Tens medo do quê?
– Dos passos de metal.
– Que passos de metal?
– Ouve! – respondeu Laura tremendo.
Aí, Raquel também saiu da cama e ambas
foram acordar o Pedro.
– Pedro acorda, acorda, acorda!
– O que é que foi?
– Ouve! – disseram as duas irmãs em
coro.
– O que é isto? – perguntou Pedro também
muito assustado.
– São passos de… metal. – respondeu a
irmã do meio, a Raquel.
Pedro saltou da cama para baixo e foi em
direção à porta, abrindo-a.
– Não consigo ver nada, dêem-me uma
lanterna.
– Toma, aqui tens Pedro. – disse Raquel.
Pedro pegou na lanterna e começou a
andar, mas claro que quem ia atrás do Pedro eram as suas irmãs. Pedro, com medo
que acontecesse alguma coisa às irmãs e ele não visse, pegou num fósforo que
tinha no bolso e começou a acender as velas que estavam penduradas junto das
porta dos quartos. Quando já tinha acendido as duzentas e cinquenta velas do
hotel, olhou para trás para ver se as suas irmãs estavam bem, e de repente viu
uma coisa peluda e branca a passar. Pedro correu atrás daquela coisa peluda e
branca, mas, Laura e Raquel deram a volta, e as duas chocaram contra Pedro e a
coisa peluda e branca.
– Apanhei-a. – gritou Laura.
– Então agarra-a bem. – ordenou Pedro.
No meio desta conversa uma porta
abriu-se. “Quem seria?” – interrogavam-se todos. Ora nem mais nem menos era do
que a Senhora Constança.
– O que é isso que vocês trazem aqui? – perguntou
a Senhora Constança.
– É um coelho fofinho! – disse Laura com
uma voz de espanto.
– Ááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááhhhhh
um COELHO
felpudo!
–gritou subindo para cima de uma cadeira a Senhora Constança.
– Não é um coelho felpudo, é um coelho
fofinho! – disse Raquel com uma vontade enorme de se rir.
– É a mesma coisa, seja fofinho ou
felpudo! – resmungou a Senhora Constança. – Tirem-mo já daqui, que eu quero ir
dormir sem nenhum coelho felpudo!
– Não é felpudo, é fofinho… – disse
Pedro rindo-se.
– Acabou aqui a conversa e todos a
marcharem daqui pra fora. E já agora não se esqueçam de levar também esse
coelho.
Assim, os três irmãos foram devolver o
coelho fofinho à loja de animais de onde provavelmente teria fugido. EQuando regressavam
ao hotel, viram quem lá estava: o guarda! E para passarem por ele sem serem
vistos, tiveram que pôr-se de joelhos no chão e gatinhar até onde o guarda já
não os visse. Quando chegaram ao primeiro andar continuaram a sua investigação
dos passos de metal.
Os irmãos puseram-se todos em silêncio
para ver se consiguiam ouvir os passos de metal, quando de repente se deram
conta de que já não se ouviam passos de metal.
Ao que a Raquel comentou:
– Acho que isto está a ficar um pouco
mais assustador do que eu pensava. Se calhar devíamos ir dizer aos pais?
– Acho que não vale a pena. Eles não vão
conseguir compreender. Vão achar que nós estávamos a sonhar. – disse Pedro
soltando um suspiro.
– Tive uma ideia! – disse Laura a sorrir
– Venham cá todos. Então a minha ideia é a seguinte: irmos para o nosso quarto,
deixarmos as velas acesas e fingirmos que estamos a dormir. Depois os passos de
metal voltam e aí entramos em ação.
– Entramos em ação a fazer o quê? – perguntou
Raquel um bocado desconfiada.
– Tive uma ideia também para essa
situação, mas disso falaremos no quarto, ok? –disse Laura.
– Ok! – responderam os dois restantes
irmãos.
E então lá foram para o quarto. Deitaram-se
na cama e taparam-se com os lençóis.
– O plano é o seguinte: em primeiro
lugar o ser que está a fazer este barulho deve estar neste andar, por isso a
Raquel vai sair do quarto muito devagar e vai para a sala de controlo fechar as
portas que dão acesso aos outros andares. Assim o ser já não consegue ir para
os outros andares. Depois, o Pedro e eu saímos do quarto e vamos em busca do
ser que está a fazer este barulho. Por fim, eu ou o Pedro apanhamos o ser.
Concordam?
– Sim! – respondeu o Pedro.
– E tu, Raquel concordas? – perguntou
Laura.
– Sim, até concordo!
E assim fizeram tudo como previsto. A
Raquel saiu do quarto e foi para a sala de controlo fechar as portas
automáticas. Logo depois o Pedro e a Laura apanharam o ser que fazia aqueles passos
de metal.
– Traz….pum…. ca pum….
Só se ouvia as duas crianças e aquele
ser misterioso a caírem por umas escadas abaixo. Assim que Raquel ouviu aquilo
ficou preocupada com os irmãos e abriu as portas automáticas que iam dar aos
outros andares, e a correr foi ter com eles. No meio desse barulho todo, Raquel
ficou um bocado confusa porque não via os irmãos, quando também ela foi puxada pelas
escadas abaixo.
Quando os três aterraram viram que
estavam num laboratório cheio de poções. E também viram o homem fugitivo.
– Porque me seguem? – perguntou o homem
que falava com sotaque.
– Calma, nós somos pacíficos. – disse
Pedro para tentar que o homem se acalmasse.
– Está bem, vocês são pacíficos. Mas porque
me seguiam?
– Porque acordei por volta das três da
manhã. E acordei porque comecei a ouvir passos de metal. – Disse Laura
escondendo-se atrás do irmão.
– Oh, então peço as minhas desculpas. Eu
não vos queria acordar.
– Aceitamos as suas desculpas. Mas porque
tem um laboratório secreto, e logo por baixo do primeiro andar do hotel?
– Porque o meu sonho sempre foi ser um
inventor de poções, e uma noite quando fui beber água à cantina do hotel caí
aqui, após o que decidi montar secretamente o meu próprio laboratório.
– Desta vez sou eu que vou ter uma
ideia, mas para isso preciso que me diga se tem autorização para ocupar este
espaço? – disse Raquel sorrindo.
– Não! Não tenho autorização para estar
neste espaço. – respondeu o homem fugitivo.
– Ok, então os meus irmãos e eu estaremos
aqui no laboratório às nove da manhã em ponto. Pode ser?
– Pode, mas para quê? – perguntou o
homem.
– Para podermos ajudá-lo. E já agora
como se chama?
– Desculpem não me ter apresentado. Eu
sou o António Oliveira. E vocês como se chamam?
– Eu sou a Raquel.
– Eu sou a Laura.
– E eu sou o Pedro.
– Então fica combinado? – perguntou
Raquel outra vez.
– Sim, amanhã vocês cá estarão às nove
em ponto e eu também. Adeus a todos, e um resto de boa noite.
– Adeus. – disseram os três irmãos em
coro.
Assim os irmãos foram para o quarto
conversar sobre a ideia da Raquel.
– Raquel, qual é a tua ideia? – perguntou
Pedro com curiosidade.
– A minha ideia é: em vez de nos
levantarmos às oito e meia, levantamo-nos às oito, Vestimo-nos, comemos e vamos
ter com o dono do hotel. Depois perguntamos-lhe se o António Oliveira pode
continuar ali instalado. E depois logo vemos o que vai acontecer. Gostam da
minha ideia?
– Sim, eu pelo menos acho uma bela
ideia. – disse Pedro.
– Eu também. – concordou a Laura.
– Então hoje acordamos às oito, certo? –
perguntou Pedro mexendo no telefone para ir mudar o alarme.
– Certo. E agora toca todos a dormir
para amanhã termos força para acabar esta missão.
– Certo chefe. – disse Laura brincando
com a sua irmã.
– És mesmo tontinha.
Passadas cerca de duas horas, o alarme
do telefone do Pedro tocou.
– Pedro, desliga o telefone.
– Sim, é isso que estou a fazer.
Quando Pedro desligou o telefone, todos
se levantaram, vestiram-se e foram comer.
– Bem, já acabei de comer. Enquanto
vocês acabam de comer eu vou avisar a mãe e o pai que vamos falar com o dono do
hotel.
E lá foi.
– Mãe, Pai, os manos e eu vamos ter com
o dono do hotel, está bem?
– Está bem, mas, já tomaram o
pequeno-almoço?
– Sim Mãe.
– Então está bem. Podem ir. Mas voltem antes
do almoço e tomem conta da vossa irmã mais nova, ouviste?
– Obrigada Mãe! E vamos ter todo o
cuidado. – disse Raquel dando um beijinho à Mãe.
Raquel foi ter com os irmãos e todos
juntos foram falar com o diretor.
– Truz, truz, truz….– bateram à porta.
– Pode entrar! – disse o diretor.
– O que vos traz aqui?- perguntou.
– Viemos falar em nome de um amigo
nosso, o António Oliveira. – disse Raquel.
Assim passaram cerca de vinte minutos a
contarem toda aquela história ao diretor.
– E o que nós queríamos perguntar-lhe
era se o António podia ficar instalado naquele minilaboratório. Por favoooooor?
– pediu Raquel.
– Sim, acho que sim, também já nem me
lembrava daquele sítio. Só há três pequenas coisas que ele tem de cumprir. Primeiro:
não pode fazer barulho a partir das oito da noite até às oito da manhã.
Segundo: tem de me pagar todos os meses cem euros. E terceiro: quero que ele
consiga fazer o que ele sempre quis e que faça daquilo um museu de poções.
– Muito, muito obrigada, senhor diretor!
Vai ser uma grande surpresa para o António. – disseram em coro os três irmãos.
– De nada. Mas vocês acham que ele vai
conseguir cumprir aquelas três coisas?
– Claro que sim. Não se esqueça que o
laboratório sempre foi o sonho dele. – relembrou Pedro.
– Mana, temos de ir. Já são oito e
cinquenta! – disse Laura olhando para o relógio.
– Pois é! Adeus diretor.
– Onde vão? – Perguntou o diretor.
– Vamos ter com o António e contar-lhe
as novidades.
– Então esperem um bocadinho para eu
escrever o que ele tem de cumprir, para ele não se esquecer. E também porque eu
quero ir com vocês.
Passados cinco minutos o diretor disse:
– Pronto, já está. Podemos ir.
Lá foram os irmãos de elevador com o dono
do hotel, ter com o António.
– Peng…– fez o elevador quando chegou ao
primeiro andar.
– Estou um bocado confusa. O chão parece
sempre ser igual. – disse um bocado irritada a Raquel.
– Calma, já vai ver que o chão não é
todo igual. – disse o diretor.
Enquanto falavam e falavam e ao mesmo
tempo andavam, a Laura disse:
– Aqui o chão tem quatro rachas, ou seja,
faz um quadrado, por isso faz sentido que seja aqui. Certo? – perguntou Laura.
– Tens toda a razão. É aqui! – afirmou o
António abrindo o tampão.
– Entrem.
– Olá António. – saudaram todos.
– Eu sou o diretor do hotel. E sei o que
se passou esta noite.
– Por favor não me tire daqui.
– Calma amigo, eu deixo-o ficar aqui com
estas três condições. – disse o diretor dando-lhe o papel que tinha as três
condições.
– Aceito tudo, principalmente a terceira.
Mas quando é que posso construir o museu?
– Agora este sítio é seu. Começa quando
quiser. – disse o diretor.
– Muito, muito obrigado a todos. – agradeceu
o António.
– Eu não fiz nada, foi tudo graças as
estes três meninos. Realmente sem vocês nunca teria sido possível. – disse o
diretor dirigindo-se às crianças.
– Obrigado! - disse António mais uma vez.
– Agora tenho de me ir embora. Tenho
outros assuntos para resolver. – Disse o diretor.
Adeus a todos!
Após o diretor se ter ido embora, o
António guardou os papéis e as suas poções em duas grandes caixas.
– O que estás a fazer António? – perguntou
Raquel assustadíssima.
– Estou a guardar as minhas poções e os
papéis que o diretor me deu!
– Porquê? – perguntou Pedro.
– Porque vou fazer obras para transformar
este espaço num museu.
– Ah, está bem. Mas pregaste-me um
grande susto!
– Desculpa! E obrigado mais uma vez.
Os três irmãos contaram toda a aventura à
sua família e, assim, já tinham provas se eles não acreditassem. Mas o melhor de
tudo, é que, passado um mês, o António andava a distribuir convites para irem
ao museu que agora se chamava “Museu do Inventor”. E começou a chamar-se assim
porque afinal o António descobriu que não gostava só de inventar poções mas
também outras coisas, como a porta que ia dar ao passado...
Fim
Mónica Nunes do Espírito Santo
3º/4º A
Prof. Dulce Ferreira
Matilde Reis do 7.º B foi a grande vencedora do 3.º Ciclo e delicionou-nos com um fantástico poema sobre os seus sonhos. A escrever assim, desejamos que esta participante nunca deixe de pôr por escrito todos os sonhos que povoam a sua fértil imaginação. Parabéns Matilde!
Tive um sonho, outro dia,
Acordei toda assustada
Não é que o cão do vizinho
Queria dar-me uma dentada?
Tive um sonho, outro dia,
Acordei com muito frio
Estava num vale gelado
A nadar dentro de um rio.
Tive um sonho, outro dia,
Acordei muito admirada
Como é que as bruxas eram boas
E eu é que era a malvada?
Tive um sonho, outro dia,
Acordei com uma tontura
Era a mais baixa do mundo
Com dez metros e tal de altura?
Tive um sonho, outro dia,
Acordei com um calor
Pois alguém que eu não digo
Deu-me um beijo com amor.
Tive um sonho, nestes dias,
Com muito que contar
O que é que eu tenho na cabeça?
Em que é que ando a pensar?
Matilde Reis
7.º B
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