Depois de muitas leituras e de muitos conhecimentos adquiridos, chegaram as tão esperadas Férias de Verão. Ficam por agora os bons momentos vividos e as boas recordações.
Em jeito de despedida, os alunos do 3.º e 4.º A ofereceram à Professora Bibliotecária um belíssimo poema cheio de candura e amizade.
Para estes queridos alunos segue, como agradecimento, este magnifíco poema de Peter Handke - in Asas do Desejo, de Wim Wenders - que é também uma homenagem à infância, o período dourado da vida em que a lança da inocência perdurará para sempre balançando numa árvore.
Canção da Infância - Peter Handke
Quando a criança era criança, andava balançando os braços, desejava que riacho fosse rio e que rio fosse torrente e a poça d’agua, o mar Quando a criança era criança, não sabia que era criança, tudo era cheio de vida e a vida era uma só! Quando a criança era criança, não tinha opinião, não tinha hábitos, sentava de pernas cruzadas, saia correndo, usava um topetinho e não fazia caretas pra fotografias!
Quando a criança era criança, era o tempo destas perguntas: Porque eu sou eu e não você? Porque estou aqui e não lá? Quando começou o tempo, e onde termina o espaço? Será que a vida sob o sol nada mais é que um sonho? Será que o que vejo, escuto e cheiro não é mais que uma miragem do mundo anterior ao mundo? Será que o mal existe mesmo e pessoas realmente más? Como pode? Eu que sou eu, não existia antes de existir e que alguma vez eu, aquele que sou não serei mais quem sou?
Quando a criança era criança, refugava espinafre, ervilhas, pudim de arroz e couve-flor. Agora come tudo e não só porque precisa. Quando a criança era criança, acordou numa cama estranha, e hoje em dia o faz sempre muitas pessoas pareciam bonitas outrora. Hoje muito raramente. Só com sorte. Tinha uma visão precisa do paraíso, agora só pode adivinhar. Não conseguia imaginar o nada, hoje treme só de pensar. Quando a criança era criança, jogava com entusiasmo. Agora só se entusiasma com seu trabalho.
Quando a criança era criança, vivia de maçãs e pão era suficiente e ainda é assim. Quando a criança era criança as framboesas caíam em suas mãos e ainda é assim. Nozes deixavam sua língua áspera, e ainda o fazem. Chegando ao topo de cada montanha, queria outra mais alta. Em cada cidade procurava outra maior. E ainda o faz. Subia nas árvores para colher cerejas. Era tímido diante de estranhos, e ainda o é. Aguardava a primeira neve e ainda a aguarda da mesma forma. Quando a criança era criança, arremessou uma lança de madeira contra uma árvore. Ainda balança na árvore até hoje.
Sem comentários:
Enviar um comentário