Nas
aulas de Português, o desafio foi lançado: os alunos seriam jornalistas por um
dia e deviam escolher alguém para entrevistar. Planificaram-se, em aula, as
entrevistas e depois a aventura começou…
Cada
entrevista foi registada da forma que cada grupo considerou mais interessante:
vídeo, áudio ou escrita.
Aqui podem ler algumas das entrevistas realizadas na
nossa escola pelos nossos alunos. Esperamos que gostem!
Professora
Joana Pedras
SR. JORGE DE CARVALHO, UM EXEMPLAR AUXILIAR
Todos o admiram, todos o conhecem e todos o adoram, o Sr. Jorge é um funcionário da nossa escola, a escola D. Carlos I,há 5 anos.
1. Fale-nos um pouco sobre si e sobre a sua vida. Porque escolheu ser auxiliar? Foi sempre esse o seu sonho?
Chamo-me Jorge, trabalho nesta escola como vocês sabem há cinco anos. Entrei aqui em fevereiro de 2016 … eu nunca tinha feito este trabalho. Como sabem, eu estudei toda a vida como vocês, depois não conclui o meu curso por razões pessoais, fui para a tropa, estive cinco anos nos paraquedistas, fui militar. Quando sai dos paraquedistas ingressei na Força Aérea. Trabalhei vinte e seis anos lá em Alverca, na aeronáutica, nos aviões. Eu era técnico de eletrónica. Entretanto, com o passar dos anos, precisei de sair. A minha mãe adoeceu e eu precisei de tomar conta dela. Então vim-me embora, deixei o meu trabalho, a minha carreira, e vim. A certa altura, vi que tinha perto dos cinquenta anos e o mercado de trabalho, como vocês sabem, para pessoas com cinquenta anos não é fácil. Nós, para sermos reformados somos muito novos, para trabalhar em empresas novas, somos velhos, é o costume aqui nesta sociedade. Então, como tinha sido militar, um coronel amigo convidou-me para ir para uma empresa de segurança. Estive nessa empresa seis anos como vigilante. Tomei conta de crianças, de jovens, adultos, estive no colégio Pedro Arrupe, um colégio privado no Parque das Nações. A certa altura, precisei de sair, para tomar conta do meu pai que estava doente, e arranjei emprego perto de casa para estar mais perto dele. Isto porque no colégio acompanhava os jovens para todo o lado, saía para Barcelona, para a Serra Nevada, e como nesse período eu não tinha ninguém que pudesse dar assistência ao meu pai, tive de me vir embora e vim parar aqui à vossa escola como auxiliar.
2. Qual é a sua relação com as crianças e os seus colegas?
Eu gosto muito dos jovens, gosto de trabalhar com eles, sinto-me bem. Os meus colegas são pessoas simpáticas, às vezes poderão não estar no sítio certo, adequado à função para a qual eles têm vocação, mas isso é uma coisa que nos ultrapassa. A Câmara é que faz as escolhas e isso é uma coisa que está acima de nós. No entanto, eu penso que qualquer um dos meus colegas faz o melhor que sabe e o melhor que pode para vos ajudar, assim como todos nós aqui na escola.
Eu gosto desta escola, os professores aqui são simpáticos para vocês, são muito vossos amigos. Como vos disse, estive num colégio privado e via professores que não tinham tanto empenho como estes aqui, e eram professores do privado e aqui são do público.
3. O que faz na escola como funcionário?
Aqui na escola faço quase tudo o que é preciso fazer. Eu sou assistente operacional, a minha função é ajudar os professores, colaborar na manutenção, na limpeza, tratar da nossa amiga Happy. Basicamente é isto, é fazer o que for preciso.
4. O que gosta de fazer nos tempos livres?
Quando era mais novo, fazia paraquedismo. Com o avançar da idade, deixei os paraquedas e passei para o parapente. Entretanto a idade foi avançando, as articulações vão piorando, o esqueleto vai-se modificando e então agora dedico-me a caminhar. Gosto de passear com os meus netos, gosto muito de ler, entretenho-me a fazer algumas coisas que é preciso fazer, coisas que às vezes eu faço aqui e deixo em casa por fazer.
5. Tem objetivos para o futuro?
O meu desejo era que os jovens aqui da escola aproveitassem o que têm, agora que a escola está a ser toda remodelada, está tudo a ficar bonito, que tratassem melhor as coisas que estão a ser feitas para eles, que cuidassem mais da escola, que não partissem às vezes as coisas, porque todos nós aqui fazemos um esforço para termos uma escola engraçada e bonita, basicamente é isso.
6. O que gostava de mudar na nossa escola e no seu emprego? Porquê?
Gostava que, por exemplo, nós tivéssemos instalações mais adequadas para quando está a chover, salas de convívio para vocês poderem conviver, talvez umas melhores infraestruturas para vocês poderem usufruir do tempo que aqui estão, uns cacifos novos, em condições, que estes já estão muito velhotes. Olha, o meu objetivo aqui na escola é colaborar convosco e sentir-me bem. Com a idade que tenho, com as coisas que já fiz, eu estou satisfeito. Gosto de evoluir, gosto de ter conhecimentos novos, gosto de estar sempre adaptado às novas tecnologias.
7. Se pudesse começar tudo de novo faria algo diferente na sua vida?
Isso é uma pergunta muito manhosa. Não. Não me arrependo das coisas que fiz, não me arrependo de nada do que fiz e se calhar teria feito algumas coisas com um bocadinho mais de bom senso, mais ponderação, portanto, não seria tão impetuoso, se calhar em algumas decisões que tomei, mas voltar atrás não, nem me arrependo de nada da minha vida, estou perfeitamente feliz.
8. O que lhe traz felicidade e o que o faz sorrir?
Vamos lá a ver, o que me faz sentir bem é poder conviver com pessoas como vocês.
9. O que diz o seu coração?
Olha, não sei, sinceramente não sei. Sei que sou feliz e gosto de estar aqui com vocês.
Assim terminamos a entrevista ao Sr. Jorge, um dos mais queridos funcionários da nossa escola.
Autoras: Isabel Gomes nº9 e Matilde Silva nº16, 8ºC
UMA PROFESSORA AMIGA DO AMBIENTE
A Professora Elsa Florêncio é uma das professoras da nossa escola. No âmbito da disciplina de Português, realizámos esta entrevista para conhecer melhor esta professora que nos ensina a defender a Natureza.
1. Sempre quis ser professora? O que a levou a gostar ou escolher esta profissão?
Não, na verdade não. Comecei a tirar um curso de biologia e trabalhava no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, fiz inúmeros projetos, foram trabalhos muito interessantes. Mas, na altura, eu sentia que fazíamos os trabalhos e não havia seguimento, ou seja, não havia grande produtividade. Achava que era importante mas que o “a seguir” não acontecia, e eu queria fazer alguma coisa que tivesse resultados… Então, decidi começar a dar aulas, e aí vi que, de facto fazia a diferença. Mais tarde fiz a profissionalização e evolui na carreira. Agora estou a dar aulas e estou muito satisfeita.
2. Arrepende-se de ter escolhido esta carreira?
Não, não me arrependo de ter escolhido esta carreira. Agora, se me perguntares se estou completamente satisfeita, não estou. Há coisas que sabemos que na carreira dos professores não estão corretas. Acho que é uma profissão que devia ser mais valorizada, realmente já o foi, por que de facto é a base de um dos pilares da nossa sociedade, a educação, e se não tivermos uma boa estrutura do ensino para fazermos o que realmente é importante, por mais que estejamos aqui todos os dias não conseguimos atingir os nossos objetivos.
3. Como foi a sua experiência a dar as suas primeiras aulas e quais foram as sensações?
[Risos] A experiência… Olha eu lembro-me da primeira vez que estava na sala de professores, no primeiro dia de escola, e fui dar aulas. Eu estava “super” nervosa para ir para a sala de aula, mal sabiam aqueles alunos [Risos]. Curiosamente, o primeiro ano em que dei aulas foi nesta escola, onde eu também fui aluna, depois fui andando cada ano de escola em escola, até que fiquei efetiva aqui. Agora estou há doze anos a dar aulas nesta escola. Mas pronto, a sensação era de curiosidade, de imaginar o que ia acontecer, de expetativa, mas correu bem, foi “giro”!
4. A sua pessoa de alguns anos atrás … imagina-a no lugar que está hoje?
Ah, sim pronto, já respondi um pouco a isso na primeira pergunta, mas eu, por exemplo, como tive algumas dificuldades a tirar o curso, não, não me imaginaria onde estou… No entanto, acho que fiz a escolha certa.
5. Qual o conselho e a mensagem que gostaria de passar aos seus alunos?
A mensagem que quero passar aos meus alunos é que, mais do que saberem, por exemplo, nomes de coisas ou definições de cor, é necessário termos capacidade para alcançarmos os nossos objetivos. Por isso eu prefiro ensinar, e vocês sabem, fazendo projetos, fazendo pesquisas, promovendo as competências de autonomia, o saber fazer planos a longo curto, médio e longo prazo. O conhecimento que hoje sabemos que temos, à distância de um toque, temos de o saber usar. Precisamos de saber pesquisar, de saber selecionar, não irmos pela primeira coisa que nos aparece à frente, ter capacidade de chegar àquilo que nós queremos, e isso é o mais importante nos dias que correm. Também é importante termos aquela capacidade, de apresentar os trabalhos, de apresentar a mensagem que queremos passar para os outros. Isso é o mais importante, é aquilo que acho que devem aprender na escola. E depois é seguir sempre os vossos sonhos, não desistir só porque alguém diz que isso não serve para nada. Isso e em qualquer escolha que façamos na nossa vida, ter sempre em atenção que vivemos num planeta e que pertencemos a um ecossistema. Esta é uma daquelas mensagens que eu gosto que os meus alunos levem para a vida.
6. O que mais gosta e o que menos gosta na sua profissão de professora?
O que mais gosto… o que mais gosto é quando estou na sala com os alunos e vejo que a coisa está a fluir, as coisas estão a funcionar, os alunos estão a aprender, estão a conseguir trabalhar… ah, e que estão a evoluir!
7. Durante todos estes anos de carreira houve alguma turma que a marcou mais?
Ah, sim. Já houve algumas que me marcaram. Assim ultimamente, foi a minha última Direção de Turma. Estive com eles três anos, do sétimo ao nono, há três anos. Foi uma turma que me ficou assim… No coração.
8. A professora faz parte do programa Eco-Escolas, como Coordenadora. O que a levou a participar?
O ambiente sempre foi a minha área de maior interesse porque já na faculdade era da área da biologia, mas era biologia mais direcionada para o ambiente. Preocupam-me todas as situações ambientais e todos estes problemas ambientais pelos quais estamos a passar e para os quais temos de arranjar solução! E é aí que vocês entram!
9. O que o seu coração diz?
O que o meu coração diz… O que o meu coração diz é que eu gostava muito que houvesse uma mudança nas mentalidades, e principalmente na dos jovens. Que todos percebessem a importância e o papel que cada um de nós tem na mudança que é necessária fazer para conseguirmos manter… não é o planeta, o planeta já passou por muitas alterações, já houve muitas extinções, já desapareceram muitas espécies e apareceram outras e o planeta continua cá! Agora a nossa espécie e as outras é que têm de arranjar maneira para continuarem cá também [Risos]. Gostaria de ver que estão a existir aquelas alterações que são necessárias para que, de facto, continuemos todos a conseguir viver neste planeta lindo e maravilhoso que é o planeta Terra!
E assim ficámos a conhecer mais sobre a nossa querida professora Elsa Florêncio, a sua história, a sua mensagem, e até o seu lema de vida. Conseguimos ver que é uma pessoa determinada e um excelente exemplo para todos nós!
Entrevistas realizadas por Carolina Loureiro n.º 5 e Sara malheiro n.º20
UMA ENTREVISTA MATEMÁTICA
Patrícia Arouca, professora da disciplina de Matemática, destaca-se pela sua simpatia, disponibilidade e elevação nos conteúdos que leciona. Procurámos saber através desta entrevista um pouco mais sobre a sua vida e a sua carreira de professora.
Foi sempre o seu sonho, ser professora? É professora há quanto tempo?
Não foi logo desde pequenina. Já quis ser cabeleireira porque gostava de fazer penteados, e também quis ser veterinária porque gostava de animais.
No 9.º ano gostava muito de Ciências e de Matemática. Então, no 10.º ano escolhi o ramo de Ciências. Mas no final não sabia que curso superior escolher. Acabei por escolher Matemática porque gostava muito. A partir do 3º ano da faculdade decidi que tinha de transmitir estes conhecimentos a outros, portanto escolhi ser professora. Não me arrependo de nada. Comecei no ano letivo de 1999/2000, há cerca de vinte e um anos.
O que achava da escola quando era mais nova?
Quando andava na escola em Lisboa achava a escola muito grande, mas quando voltei lá em adulta, afinal a escola era muito mais pequena do que eu achava. Eu gostava de tudo na escola e quando ia de férias sentia falta dela. Tenho muitas saudades do tempo em que andava na escola.
Qual é sua área de formação? Em que universidade se formou? Há quanto tempo?
Segui a via profissionalizante de Matemática, que é Matemática aplicada ao ensino. Formei-me na Faculdade de Ciências e de Tecnologia que pertence à Universidade Nova de Lisboa na Costa da Caparica há cerca de vinte e um anos. De vez em quando ia à praia para descansar um pouco dos estudos.
Quando escolheu a sua profissão, teve apoio da sua família e amigos?
Sim, tive. Não tive nenhum obstáculo por parte da família. Os meus pais sempre me apoiaram e ajudaram-me bastante. Queriam que eu estudasse para acabar o curso. Quanto mais estudarem, mais oportunidades têm.
Como prepara as aulas? Que tipo de aulas prefere dar?
Tento sempre ter muito respeito pelos meus alunos. Preparo as aulas em casa e dou o meu melhor para as preparar, vejo os exercícios que os alunos devem fazer e tento explicar-lhes a matéria da melhor maneira possível. Gosto das aulas práticas. Gosto de ver os alunos a fazerem os exercícios e de os ver a ajudarem-se uns aos outros. Acho divertidos os jogos e quizzes que fazemos em sala de aula.
Qual é a sua relação com os alunos e os outros professores?
Quando saltava de escola em escola não criava laços com os outros professores, mas como estou na D. Carlos I há nove anos, já tenho algumas amizades. O relacionamento com os alunos normalmente é bom.
Onde nasceu? Qual foi o lugar mais longe de casa em que trabalhou?
Nasci no hospital de Santa Maria em Lisboa e o lugar mais longe de casa em que trabalhei foi em Santarém.
Que turmas a marcaram mais? Porquê?
Tive várias turmas que me marcaram, as primeiras turmas que tive, pois foram os primeiros e gostei muito de estar com eles, uma outra turma em Santarém, pois fizemos várias atividades juntos, e as turmas do ano passado.
Sabemos que atualmente não está na nossa escola. Pode dizer-nos o que está a fazer neste momento?
Trabalho na CPCJ mas ainda pertenço à escola. É uma instituição muito importante que ajuda os alunos com dificuldades em casa falando com os pais e informando-os do que eles podem fazer acerca do comportamento dos filhos, podendo ou não serem levados a tribunal.
Gostou de trabalhar na nossa escola? Porquê?
Gostei de trabalhar lá, ainda pertenço à escola, como mencionei anteriormente. Já trabalhei em muitas escolas e esta é diferente, é mais humana. É uma escola em que a Direção tem muita atenção aos alunos. Há escolas muito frias, mas a D. Carlos I é uma escola mais “quentinha”.
O que é que o seu coração diz?
Gratidão. Sou muito grata pela vida que tenho, pela profissão que tenho, por ter participado na vida de alguns alunos, por ter a minha família… No fundo, o meu coração diz gratidão.
Com esta entrevista ficámos a conhecer mais um pouco sobre uma professora maravilhosa e inspiradora.
Entrevistadores: Alice Talento, Beatriz Azevedo, Bernardo Amaro e João Almeida / 8ºC
CONVERSAS COM O SR. PEDRO NOGUEIRA
Vamos entrevistar o Sr. Pedro, um funcionário icónico da nossa escola. O senhor Pedro é conhecido por estar sempre presente e atento.
Em que ano começou a trabalhar na nossa escola?
Comecei a trabalhar nesta escola mais ou menos em 2011/2012.
Quais foram as tarefas que já executou na nossa escola?
Já executei várias tarefas, como por exemplo tarefas administrativas na secretaria e agora estou na biblioteca a fazer tarefas administrativas e técnicas.
Como é que é trabalhar numa biblioteca?
Trabalhar numa biblioteca é muito agradável. Gosto bastante de falar com os meninos que por aqui passam.
Gosta do trabalho que faz?
Gosto muito de trabalhar numa biblioteca e poder ajudar os alunos a encontrar aquilo que precisam é muito bom.
Como consegue conciliar o trabalho e a família?
Muitas das vezes consigo conciliar o trabalho com a família porque entro mais cedo no trabalho para conseguir sair mais cedo, e assim consigo ir buscar a minha filha à escola.
Qual a sua profissão de sonho?
A minha profissão de sonho era ser piloto de avião e poder ver o céu, as nuvens. Isso era o que eu gostaria de fazer.
Gosta de viajar? Qual foi o país que mais o marcou?
O país que mais gostei de visitar foi a Tailândia. É um país lindo para se viajar.
O que gostaria de fazer daqui a dez anos?
Eu sinceramente gostaria de não fazer nada, gosto de poder acordar às horas que quiser.
Que conselhos costuma dar aos alunos que por aqui vão passando?
Depende muito do que eles estão a pedir. Mas dou-lhes sempre bons conselhos!
O que diz a sua alma?
A minha alma diz que a essência do pensamento tem que estar além!
Com esta entrevista ficamos a conhecer um pouco melhor o Sr. Pedro, um dos funcionários mais queridos da nossa escola e, mais especificamente, da nossa biblioteca.
Trabalho realizado por:
Beatriz Alexandre nº5
Rodrigo Neto nº21
Rebecca Amad nº22
ENTREVISTA A JOÃO SEMEDO
1 – Como foi a sua infância? O que é que
o marcou mais durante os primeiros anos de vida?
Até aos nove anos morei com os meus pais
e em casa era um bom rapaz. No entanto, nas ruas só fazia disparates e metia-me
com quem não devia.
2- Por que razão saiu de casa?
Saí de casa, pois não queria deixar mal
a minha família por causa das asneiras que fazia…Todos nos conheciam e minha
família “era do bem”. Depois, meti-me nas drogas pesadas, comecei a andar com
as pessoas erradas e passei a viver nas ruas.
3- Como foram esses tempos em que viveu
na rua?
O ser humano é naturalmente um
sobrevivente e habitua-se com facilidade a viver em situações extremas, por
isso, fui sobrevivendo... Mas foram tempos terríveis…
4- Em que circunstâncias foi para a
prisão?
A certa altura acabei por ser preso por
um conjunto de fatores: consumo de drogas, tráfico e roubo.
5- Como foi a sua vida na cadeia?
Atrás das grades, a vida é difícil. A
falta de liberdade sufoca e passei muito tempo fechado numa cela minúscula.
6- Quando é que percebeu que tinha que
mudar de vida?
Quando o meu pai morreu, percebi que
tinha de mudar de vida, mas não o consegui fazer. Com a morte da minha “velha”,
percebi que as drogas me estavam a destruir e que acabariam por me levar à
destruição, por isso, decidi mudar.
7- Quem foram os seus pilares, quem o ajudou a
encontrar o seu caminho?
Para além dos meus pais, que me deram
sempre os melhores conselhos, o “Mister lá de cima” foi sempre o meu guia e
acredito que me tenha salvado.
8- Qual foi a melhor altura da sua vida?
Os melhores tempos da minha vida foram
quando estive a cuidar da minha mãe, durante dois anos, sem consumir. Foi
precisamente nessa altura que percebi que tinha de mudar.
9- Como surgiu a ideia de criar uma
associação desportiva?
Como sabem, eu sou da Cova da Moura onde
existem muitos jovens a seguir o caminho que eu segui… O desporto e o futebol sempre
me fascinaram, e eu achei que podia ajudar os outros, impedindo-os de entrarem
por “maus caminhos” e levando-os a dedicarem-se ao futebol.
10- Sente-se feliz?
Sim, hoje sinto que sou uma pessoa feliz
e sempre que ajudo alguém, sinto-me bem. Consegui mudar a minha vida e ajudo
muitas pessoas, de todas as idades. A minha associação, A Academia do Johnson,
significa muito para mim e até os meus filhos me ajudam neste projeto. A
associação é, para todos, uma grande família e, quando quiserem, podem vir
visitar-nos!
Terminamos esta inspiradora entrevista
dizendo que foi um momento muito interessante, na medida em que nos permitiu
conhecer melhor os caminhos e os ensinamentos da vida de João Semedo, “o
Johnson da Academia”.
A presente entrevista foi redigida por
toda a turma, 9.º H, na aula de Português, e no seguimento do encontro do dia
30 de novembro com o fundador da Associação Academia do Johnson, João Semedo.
ENTREVISTA AO PROFESSOR ARLINDO SOUZA
PELAS ALUNAS CAROLINA BRITES E MARIANA FERREIRA DO 8.º E
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