No dia 1 de março, os alunos das turmas dos Cursos de Educação e Formação de Apoio à Família e à Comunidade I e III, vieram à Biblioteca D. Carlos I participar numa sessão deste projeto que teve como pano de fundo a realização de uma “Experiência Emulsionante”.
Assim sendo, a primeira parte da atividade prendeu-se com a leitura de alguns excertos do livro Notas de Cozinha de Leonardo da Vinci de Shelagh Routh e Jonathan Routh.
Poucas pessoas no mundo devem desconhecer quem foi Leonardo da Vinci, ou melhor, Leonardo di Ser Piero da Vinci, uma das mais importantes figuras do Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico.
São mundialmente famosas as pinturas deste génio incomparável. Quem não conhece as famosíssimas pinturas de Mona Lisa, A Última Ceia, Salvator Mundi, Homem Vitruviano, Virgem das Rochas ou a Dama com Arminho?
Nos livros de história Leonardo da Vinci é frequentemente descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. Na verdade, Leonardo da Vinci afigura-se-nos como uma personagem sobre-humana, dotada dos talentos mais diversos, que se interessou profundamente por quase todos os assuntos e lançou as bases para muitas das invenções da civilização moderna.
Aquilo que muitos alunos não sabiam, e descobriram com esta sessão, foi que este grande génio do Renascimento sempre teve um interesse especial pelos assuntos relacionados com a comida. Em boa verdade, desconhecia-se esta faceta do invulgar mestre do Renascimento, ou até que tivesse escrito sobre o tema da culinária, até ao aparecimento daquilo que hoje é conhecido como Codex Romanoff.
Jonathan Routh foi um apresentador de TV e ator britânico. Ele e a sua última esposa, Shelagh Marvin Routh, publicitária, atualmente residente em Itália, foram responsáveis pela perseguição da pista culinária de Leonardo da Vinci, que deu origem à revelação do chamado Codex Romanoff, a partir de uma cópia de um manuscrito com uma nota que reza assim: «Este é o texto que eu, Pasquale Pisapia, copiei por extenso a partir do manuscrito de Leonardo da Vinci, que agora se encontra no Ermitage, em Leninegrado».
O Codex Romanoff é portanto o que se julga ser o Caderno de Apontamentos de
Leonardo sobre tudo o que se relacionava com cozinha, desde as receitas até à
etiqueta à mesa. Pensa-se que este caderno foi sendo escrito, na sua
habitual caligrafia espelhada, enquanto desempenhava o cargo, durante vários
anos, de «Mestre de Festas e Banquetes» na corte de Ludovico Sforza.
A leitura deste livro, ilustrado com desenhos de da Vinci, revela-se tão fascinante quanto hilariante. Graças a uma enorme profusão de receitas, descrições de regras de etiqueta à mesa e anotações diversas, ficamos a conhecer a sua devoção obsessiva pela comida, a forma de a preparar e apresentar,
Quem diria que foi Leonardo da Vinci o inventor do guardanapo, da máquina de fazer spaghetti e da Nouvelle Cuisine, entre outras coisas?
A par de alguns excertos muito interessantes sobre a criação de máquinas extraordinárias, multiplicam-se os episódios supremamente divertidos sobre a muita fraca etiqueta à mesa dos comensais da corte de Ludovico Sforza e até de uma tentativa falhada de Leonardo de introduzir o guardanapo nos hábitos de higiene da altura.
Após a leitura destes episódios que arrancaram bastantes gargalhadas aos ouvintes, chegou o momento de os alunos deitarem mãos à massa e de se aventurarem na realização de uma atividade experimental, para a qual apenas necessitaram de um frasco com tampa, uma pedrinha, uma faca e um garfo e um pacote de natas frescas.
A mesma consistiu em comprovar que, através da agitação mecânica, é possível originar a migração dos triglicéridos cristalinos (rígidos) para o exterior do glóbulo das bolas de gordura, danificando a membrana e expondo o seu conteúdo.
Na verdade, não é preciso ser um génio do Renascimento para criar uma solução emulsionante e fazer manteiga está ao alcance de todos.
O encontro terminou com um chá e tostas com manteiga onde, graças a Leonardo da Vinci, nem faltaram os guardanapos.
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