quarta-feira, 16 de março de 2022

3.º LIVRO DOS CLUBES DE LEITURA DO 5.º ANO_2021_22

Decorreram nos dias 26 de janeiro  5.º G e 5.º H  e 16 de março  5.º A  de 2022, mais três sessões do projeto CLE, Clubes de Leitura na Escola, nas turmas do 5.º ano.




A obra escolhida foi Fora de Serviço de António Mota. Ora este livrinho recomendado para o 5º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma e leitura com apoio do professor ou dos pais, aborda a história de uma mãe explorada, cansada e ignorada, tanto pelos filhos como pelo marido, que um dia decide dar o seu grito do Ipiranga e ensinar uma importante lição à família.

Contado através do ponto de vista de Rui, a personagem principal, a obra é um alerta para a condição feminina e a tão desejada igualdade de géneros. 

A primeira parte da atividade começou pela participação num divertido Questionário que permitiu descobrir como todos os detalhes da obra estavam ainda muito presentes nas mentes dos nossos membros do clube de leitura. 

Após este momento que provocou alguma euforia, sobretudo pelo uso do telemóvel em contexto de sala de aula, foi tempo de os jovens leitores refletirem sobre a mensagem mais profunda veiculada pelo texto.

Depois de desmistificadas expressões como “ajudar a mulher em casa” ou “abandonar os filhos para ir trabalhar” e onde foi fácil verificar como as palavras são importantes na  representação das ideias e na perpetuação de estereótipos, os alunos encetaram um diálogo sobre a igualdade de géneros na sociedade atual, constatando o muito que há ainda a fazer para mudar estes contínuos atropelos aos direitos das mulheres aprisionadas numa infindável dupla jornada. 

Basta ver as campanhas que pretendem sensibilizar a sociedade para a necessidade da partilha do tempo de trabalho pago e do tempo dedicado ao cuidado ou tarefas domésticas, basta ver que há em Portugal uma Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego que luta diariamente para mostrar que a igualdade é fundamental no equilíbrio da sociedade. 

Estudos recentes comprovaram que entre cozinhar, passar a ferro e cuidar dos filhos, as mulheres portuguesas afetam todos os dias mais de 1h30m ao trabalho doméstico do que os homens. Isto, mesmo nos casais em que ambos trabalham fora de casa e partilham as despesas. 

A perceção destas desigualdades é mínima pelo facto de estas práticas estarem de tal forma enraizadas na sociedade. As mulheres abdicam muito mais do que os homens do tempo para si próprias e deixam de fazer coisas que também lhes dariam gratificação. 

Ao colocar-se “fora de serviço” Isabel está a lutar contra esta naturalização do que continua a ser socialmente esperado das mulheres e a chamar a atenção para as injustiças que rodeiam a condição feminina.


Para além de uma experiência de leitura prazerosa como são todas as que António Mota proporciona, o encontro permaneceu um exercício de cidadania ativa e um contributo para a formação integral dos alunos. 

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