No dia 13 de março de 2020 fomos confrontados com a inevitabilidade de entrarmos em confinamento devido à pandemia provocada pelo Sars-Cov2, que se tinha disseminado pelo mundo desde finais de 2019.
Fomos para casa e, de uma forma abrupta, tivemos de iniciar um ensino de emergência à distância. Foi devastador, porque todo um ciclo de progressão, de saber, de partilha e de relações afetivas que o ensino presencial proporciona foi interrompido. Ficámos desorientados e tristes.
Por isso, pensei numa maneira de os nossos alunos nos contarem o que se passava com eles durante esta inesperada pandemia, através de um texto meio confessional, meio reflexivo em que pudessem expor algumas das dúvidas, medos, sucessos e glórias. Basicamente, queria pô-los a escrever sobre o que sentiram durante este confinamento que nos isolou fisicamente uns dos outros.
Os textos foram para mim inesperados pela sua intensidade e pela sua intimidade, por serem divertidos ou por esconderem uma enorme ansiedade, por nos colocarem questões pertinentes como as questões ambientais, questões afetivas, de preocupação pelos outros. Enfim, percebi que os meus alunos estavam deveras preocupados com o mundo e com o que se passava à sua volta. Foi nesse sentido uma agradável surpresa que como é evidente teria de partilhar com a escola. Nasceu, assim, esta compilação que espelha as emoções, os sentimentos, as dúvidas e as certezas dos nossos alunos, numa altura das nossas vidas que jamais esqueceremos.
Por outro lado, enquanto estivemos em confinamento, continuámos com o projeto do Plano Nacional de Cinema desenvolvido pela Biblioteca Escolar D. Carlos I, na pessoa da Professora Sandra Pratas, e os alunos envolvidos no projeto. Orientados pela nossa realizadora Nathalie Mansoux, fomos filmando pequenos filmes através de propostas que ela nos foi fazendo, refletindo sobre a nossa solidão, sobre como é que o mundo se encontrava e encontrando paralelo em outros produtos artísticos que nos confrontassem com o que estávamos a viver.
E foi esta vivência única, aterradora, mas enriquecedora ao mesmo tempo, que fez surgir a ideia de, no âmbito do Plano Nacional de Cinema, conceber uma exposição conjunta de todos estes trabalhos de textos e de filmes com a intenção de nunca nos esquecermos o que experienciámos, mas ao mesmo tempo mostrando como vivemos de forma solidária e criativa esta pandemia.
Posteriormente e para além desta exposição, desenvolvemos um conjunto de sessões de promoção de leitura junto de todas as turmas do 7.º e do 9.º ano com base nos exercícios fílmicos e de escrita criativa.
Dada a qualidade dos textos, decidimos ainda atribuir prémios aos três
melhores textos. Assim, o primeiro lugar foi atribuído ao aluno Tiago
Lourenço do antigo 9ºA e o segundo lugar foi arrecadado pelo aluno Rodrigo
Rocha do antigo 9.º C. Foi ainda atribuído um prémio originalidade ao aluno Eduardo
Dias, antigo 8ºF, que imaginou uma entrevista imaginária no Clube de rádio da
escola. Todos os premiados receberam um exemplar do livro Uma Escuridão Bonita de
Ondjaki.
Um outro agradecimento é também devido à
Professora Sandra Hormigo que concebeu a capa desta publicação que poderá ser
consultada na Biblioteca D. Carlos I.
Professora Cristina Didelet
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