PARABÉNS A TODOS OS VENCEDORES!
A Biblioteca Escolar D. Carlos I informa que o primeiro lugar foi atribuído ao aluno Tiago Lourenço do antigo 9ºA e o segundo lugar foi arrecadado pelo aluno Rodrigo Rocha do antigo 9.º C.
Foi ainda atribuído um prémio originalidade ao aluno Eduardo Dias, antigo 8ºF, que imaginou uma entrevista imaginária no Clube de rádio da escola.
Todos os premiados receberam um exemplar do livro Uma Escuridão Bonita de Ondjaki.
Memórias de uma
Quarentena – 1.º PRÉMIO
-
Tiago, o teu quarto está num estado lastimável! Levanta-te e vai arrumá-lo.
-
Mas, mãe, hoje é sábado... deixa-me dormir mais um pouco... – pedi eu com a voz
sonolenta.
- Tiago, são dez horas. Não tens trabalhos da faculdade para fazer? – perguntou a minha mãe.
Levantei-me
a muito custo e, com os olhos ainda semicerrados, dirigi-me à casa de banho.
Pelo caminho tropecei numa caixa de tralha velha que tinha deixado no meio do
quarto. Irritado, dei-lhe um pontapé o que fez tombar a caixa e espalhar todos
os objetos que lá se encontravam.
- Estou feito! Agora é que nunca mais me livro
das arrumações. Vou subornar o meu irmão a ver se ele me ajuda – pensei.
-
Pedro, queres um chupa?
-
Sim, quero! – respondeu o meu irmão.
-
Então ajuda-me a arrumar o quarto.
-
Só se me deres dois – retorquiu ele.
-
Ok, combinado.
Já
estávamos quase a terminar aquela árdua tarefa, quando ouço o meu irmão:
-
Mano, olha para mim! – disse ele com uma voz abafada, devido à máscara que
tinha colocado na cara.
- Tiago, isto serve para quê?
- Quando tinhas um ano ocorreu uma pandemia e
toda a gente teve de usar máscara.
-
O que é uma “pandia”?
-
Não é “pandia” Pedro, é pandemia! É um
surto de uma doença infeciosa que se dissemina a nível mundial... bem, trocando
por miúdos, é uma doença provocada por um vírus que faz com que as pessoas
adoeçam todas ao mesmo tempo.
Comecei
a lembrar-me de tudo o que tinha acontecido há cinco anos. Isto fez-me recuar
àquela quinta-feira, quando soube que não ia ter aulas até às férias da Páscoa.
Eu já tinha ouvido falar do coronavírus no telejornal. Sabia que tinha surgido
na China, em Wuhan, e que desencadeava uma infeção respiratória com sintomas
que podiam ser ligeiros, semelhantes à constipação, ou mais gravosos, podendo
levar a uma pneumonia viral grave potencialmente fatal. Sabia também que se
tratava de um vírus altamente contagioso, transmitido pessoa-a-pessoa, através
de gotículas libertadas pelo nariz ou boca de indivíduos infetados ou através
do contacto com superfícies ou objetos contaminados.
Naquele
dia, fui para casa contentíssimo. Para mim quarentena era sinónimo de férias,
mas passado uma semana percebi que não era bem assim: iniciei as aulas em casa
e os trabalhos surgiram em catadupa. Depois habituei-me ao ritmo e passei a
gostar deste estado de confinamento, porque finalmente tinha tempo para me
dedicar às minhas atividades lúdicas preferidas como jogar basquete, desenhar e
ler.
Um
mês depois, comecei a sentir saudades de ir ao clube jogar com a minha equipa e
de andar de bicicleta no parque. Mas, sabia que estas medidas de isolamento
social eram essenciais para proteger a população e quebrar a cadeia de
transmissão entre as pessoas. Então, pensei numa forma de dar a volta à
situação: comecei a falar assiduamente com os meus amigos através das redes
sociais; convenci o meu pai a jogar basquete com regularidade; dava inúmeros
passeios de bicicleta perto da minha casa, que me proporcionaram uma sensação
de imensa liberdade.
Atualmente,
vendo as coisas com distanciamento, considero que foram bons tempos, durante os
quais aprendi a valorizar o calor de um abraço, o encontro com os amigos, os
almoços em família e o trabalho dos profissionais de saúde que sacrificaram a
sua vida pessoal para combater esse inimigo invisível.
-
Tiago, Tiago...! – gritou o meu irmão interrompendo as minhas lembranças. – Os
meus chupas!
Fui
buscar os chupas a pensar que depois do aparecimento daquele vírus o mundo
nunca mais foi o mesmo. Apesar da pandemia ter gerado uma crise económica sem
precedentes, também nos ofereceu a possibilidade de construirmos um mundo
melhor, de repensarmos a proteção do meio-ambiente, de valorizarmos a
soliedariedade entre as gerações e de refletirmos sobre o que é essencial e
supérfulo na nossa sociedade.
Tiago Lourenço 9ºA
Memórias de uma Quarentena – 2.º PRÉMIO
Querido sobrinho, espero que esteja tudo bem
contigo e que as férias estejam a ser boas!
A tua mãe disse-me ontem que estavas muito zangado
por estar a chover há uma semana e não conseguirem ir à praia. Espero que ela
te tenha contado o que nos aconteceu em 2020.
Sabes aqueles filmes em que as pessoas estão todas fechadas em casa e o mundo acaba lá fora? Foi mais ou menos isso que nos aconteceu. Não acreditas? Vou contar-te!
No final de 2019, ouvimos pela primeira vez falar
de um novo vírus chamado covid-19. Na altura este vírus, que já se dizia ser
altamente contagioso, estava circunscrito à China e julgávamo-lo longe de
chegar a Portugal. Dizia-se que este vírus tinha começado num mercado na cidade
chinesa de Wuhan e chegaram a dizer que tinha sido um morcego a pegar a um
humano (como se isso fosse possível!).
Já deves ter ouvido falar deste vírus, atualmente
para vocês é uma simples gripe, mas na altura não havia cura. O coronavírus,
como o deves conhecer, tinha como principais sintomas febre e tosse muito forte
e era altamente transmissível a partir das gotículas de saliva.
Quando vi as notícias achei que o vírus nunca
chegaria a Portugal, cheguei até a invejar os chineses por não terem de ir à
escola. Até que, no início de março, o vírus chegou a Portugal. No início até
achei engraçado, pensava que não era nada de grave e que, com o vírus, ia ter
um descanso da escola. No entanto, passado algum tempo, quando já estávamos
fechados em casa há um mês, apercebi-me da gravidade e comecei a ficar muito
preocupado.
Durante o confinamento o teu avô montou-me um
ginásio para eu poder continuar a treinar e manter-me em forma. Como deves
saber, naquela altura competia no campeonato nacional de surf, não podia
arriscar ficar sem treinar, se o fizesse ia ser muito difícil voltar a surfar
com o mesmo nível.
Graças à tecnologia, consegui manter-me em contacto com
a minha família e os meus amigos, mas mesmo assim senti muitas saudades de
estar com eles presencialmente.
Mas sabes, durante este estado de confinamento
apercebi-me que temos de aproveitar mais a vida porque não sabemos o dia de
amanhã. Com este estado de confinamento, aprendi, como qualquer um, que não
podemos ter a nossa vida como garantida porque a qualquer momento tudo pode
mudar.
Por isso, não te zangues com a tua mãe e aproveita
esses dias de chuva para fazer jogos e brincar com a tua família, a praia e as
ondas esperam por ti!
Rodrigo Rocha 9.º C
Memórias de uma Quarentena – PRÉMIO ORIGINALIDADE
- Bem-vindos,
hoje vamos falar com um jovem que viveu numa das alturas mais complicadas que a
humanidade já viveu, a pandemia do coronavírus em 2020! Boa tarde Eduardo como
está?
- Boa tarde, Cristina,
neste momento estou muito bem, obrigada.
- Gostava de
começar por lhe perguntar em primeiro lugar como isto tudo começou?
- Então, isto tudo começou
numa cidade da China onde se comia todo o tipo de animais exóticos e selvagens,
até que um dia começaram a ficar doentes! Só que não era uma doença normal,
essa doença podia levar à morte duma pessoa e cada dia que passava apareciam
mais mortos e infetados. Começou por cidades e depois foram países e acabou em
continentes.
-
Interessante! Consegue dizer-nos mais ou menos como foi um adolescente viver
numa crise destas? Porque o Eduardo ainda era um miúdo quando isto tudo
aconteceu! Certo!?
- Sim, tinha os
meus 14 anos quando isto tudo aconteceu. No princípio foi um bocado difícil
habituar-me às regras, mas com o tempo fui-me habituando ao confinamento.
- E como é
que o Eduardo conseguia comunicar com os seus amigos, professores e família?
- Bem, Cristina, nem foi
muito difícil com os meus amigos e professores comunicava pelo telefone, por
email, pelo Classroom, pelo Whatsap e com a família ia visitá-los com as
devidas precauções, evidentemente.
- Claro,
naquela altura tínhamos de ter precauções. Gostava de lhe perguntar só mais uma
coisa importante! O Eduardo acha que evoluiu como pessoa?
- Sem dúvida, Cristina,
aquele tempo que passei em casa deu para pensar na vida no que eu queria ser e
obrigou-me crescer em termos de maturidade.
- Muito bem
Eduardo, obrigado por se ter disponibilizado para conversarmos na rádio da sua
antiga escola D. Carlos I. Gostei muito de falar consigo e despeço-me de si com
amizade e aos nossos ouvintes um até breve!
- Obrigado eu, também
gostei muito deste momento.
Eduardo Dias 8ºF
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