Decorreram nos dias 21 de abril e 5 de maio de 2021, mais duas sessões dos CLE – Clubes de Leitura na Escola – nas turmas do 5.º B e do 6.º A.
O sexto encontro dos Clubes de Leitura viajou até ao outro lado do oceano onde a Língua Portuguesa tem mais açúcar.
Assim, foi com o inocente mistério presente em A Mulher que matou os peixes de Clarice Lispector que se iniciou mais uma aventura literária para os pequenos mas ávidos leitores.
O título - A mulher que matou os peixes - é enganador e remete-nos para as habituais histórias de crime em que cabe ao leitor desempenhar o papel de detetive, formulando várias hipóteses de resolução do enredo e tentando identificar o criminoso.
A obra defrauda este intento logo na primeira linha, onde a narradora se identifica como a autora do crime horrendo de ter matado dois peixinhos vermelhos que viviam num aquário.
Apesar da admissão da sua culpa, a narradora deixa bem claro que o seu crime não fora intencional, mas que só no fim de contar algumas histórias poderá explicar como tudo aconteceu.
O grosso da narração é assim um conjunto de histórias sobre animais e insetos e que constituem no fundo a sua defesa.
Através da análise destas pequenas histórias, a narradora, que aqui se confunde com a autora, espera provar às crianças a quem se dirige diretamente, que é uma boa pessoa, amiga de animais e crianças.
E foi precisamente para encontrar esse veredicto que se formou, neste sexto encontro, um TRIBUNAL com ré, juízes e testemunhas abonatórias e de acusação.
Coube assim a cada aluno incarnar um dos animais visados nestas histórias, descrever as suas circunstâncias, discorrer sobre o caráter da ré Clarice e pronunciar-se sobre a sua inocência ou a sua culpabilidade.
As Professoras Ana Nascimento e Dora Justino fizeram o papel da ré Clarice, dando início à sessão com a admissão da sua culpa mas apelando à absolvição pelo coletivo de juízes.
Mais tarde, as testemunhas, agora transformadas em juízes, com uma pronúncia de três votos de culpada e onze de inocente, declararam a absolvição de Clarice.
Vejam aqui os testemunhos dos animais ouvidos neste tribunal improvisado do 5.º B:
1.ª TESTEMUNHA – O GATO
Fui um dos muitos gatos da minha dona, a Clarice. O meu nome é Chica e sou cor de laranja, com manchas de um cor de laranja mais escuro.
A minha dona gostava tanto de mim que, quando me afastaram dela, por eu ter várias ninhadas, até ficou com febre! Os pais dela deram-lhe então um gato de pano, mas só depois de muito tempo ela ficou sem febre.
Eu sei que Clarice é INOCENTE!
21 de abril de 2021
Martim Ferreira
5ºB
2.ªs TESTEMUNHAS – AS BARATAS
Nós somos as baratas que vivem na casa da Clarice. Ela acha que somos velhas e feias e, como vingança, nós roemos as roupas dela.
Ela é má! Ela matou os nossos amigos e as nossas famílias! Nós, as baratas, somos uns bichos muito tristes, só as outras baratas gostam de nós.
Para nós a Clarice é CULPADA!
21 de abril de 2021
Samuel Borges
5ºB
3.ª TESTEMUNHA – A LAGARTIXA
Sou uma lagartixa. Sou engraçada e não faço mal a ninguém. Sou considerada um bicho natural, daqueles que não são comprados nem convidados.
Adoro comer moscas e mosquitos e sirvo para limpar a casa destes insetos! Eu não percebo por que motivo os humanos não gostam de comer moscas!
Mas há pessoas que gostam de matar os bichos da minha espécie com o chinelo.
Eu não falo nem canto e não gosto dos humanos, mas não tenho medo da Clarice, por isso considero-a INOCENTE!
21 de abril de 2021
Gonçalo Fonseca
5ºB
4.ª TESTEMUNHA – O COELHO
Eu fui um dos coelhinhos da Clarice. Os coelhos são bichos com muitos segredos. A Clarice até chegou a escrever um livro chamado “O Mistério do Coelho Pensante”!
Há pessoas que comem coelhos, mas a Clarice não os come porque pensa que está a comer um amigo. Eu acredito que ela gosta de animais, sobretudo de coelhos.
Eu acho que ela é INOCENTE!
21 de abril de 2021
Laura Romão
5ºB
5.ª TESTEMUNHA – O PATO
Eu sou um pato. O meu modo de andar é muito engraçado!
Fui comprado pela Clarice, e ando sempre atrás das pessoas porque tenho muitas saudades da minha mãe.
Eu tenho a certeza de que a Clarice é INOCENTE.
21 de abril de 2021
Pedro Talento
5ºB
6.ª TESTEMUNHA – O PINTO
Eu fui um dos pintos da Clarice. Nós, os pintos, gostamos de correr atrás das pessoas porque pensamos que elas são as nossas mães.
Sabem que nos parecemos com os humanos? É que ficamos com muitas saudades das nossas mães. Longe delas podemos morrer! É verdade! Só os pintos que têm a alma mais forte é que ficam vivos!
Para mim, a Clarice é INOCENTE! Ela matou os peixinhos sem querer. Todas as pessoas já cometeram erros.
21 de abril de 2021
Ricardo Periquito
5ºB
7.ª TESTEMUNHA – O CÃO DILERMANDO
Olá! O meu nome é Dilermando. Sou um cachorro vira-lata e vivia em Itália. Tenho cara de brasileiro, apesar de ser italiano. Quando a Clarice me encontrou pensou que o meu nome só podia ser Dilermando.
Vi logo que a Clarice era boa pessoa porque ela tratou muito bem de mim. Os cães são guiados pelo amor do coração dos outros e deles mesmos ... mas detestam tomar banho.
Na minha opinião, a Clarice está INOCENTE.
21 de abril de 2021
Diogo Santos
Gustavo Durão
5ºB
8.ª TESTEMUNHA – O MACACO
Olá! Eu sou o macaco que estava no terraço dos fundos da casa da Clarice. Sou um macaco grande e forte, agitado e nervoso, pareço um filhote de gorila!
Como a Clarice gosta muito de bichos, passei a morar com ela e com a sua família. Sabiam que os macacos são os bichos que mais se parecem com as pessoas? É verdade! E eu, de tão agitado que era, parecia um homem maluco! Fiz tanta bagunça naquela casa, que a Clarice resolveu dar-me às crianças do morro, que adoram micos.
Quando souberam que eu já não voltava, todo o mundo, naquela casa, ficou triste e zangado com Clarice!
Ela não tinha nada que me ter oferecido a outras pessoas! Eu também fiquei muito triste e zangado! Por isso, na minha opinião, a Clarice é CULPADA!
21 de abril de 2021
Afonso Romão
Prof. ªAna Nascimento
5ºB
9.ª TESTEMUNHA – A MACAQUINHA LISETE
Eu sou a macaquinha Lisete. A Clarice encontrou-me numa noite de Natal. Gostou muito de mim porque eu tinha uma saia e brincos. Levou-me para casa e, então, começou a reparar que eu dormia muito. Não se sabia porquê mas era porque eu estava a morrer. Clarice levou-me ao veterinário, onde me deram uma injeção e eu fiquei logo melhor e muito feliz!
Depois levaram-me para casa, mas eu acabei por morrer... Quando morri, a Clarice ficou mesmo muito triste e disse que nunca se iria esquecer de mim.
Por isso, eu considero a Clarice INOCENTE!
21 de abril de 2021
Madalena Costa
5ºB
10.ª TESTEMUNHA – O CÃO BRUNO BARBERINI DE MONTEVERDI
O meu nome é Bruno Barberini de Monteverdi. Eu não conhecia a Clarice, mas ela era amiga do meu dono,o Roberto. Eu amava muito o Roberto e o meu único amigo chamava-se Max.
Um dia o Max foi almoçar a minha casa e Roberto entrou na cozinha. O Max resolveu fazer festinhas ao Roberto e eu pensei que ele lhe ia fazer mal; então ataquei-o, mas acabei por ter de ir para o hospital.
Quando voltei, decidi atacar o Max de novo, mas lá fui parar ao hospital outra vez! Quando saí de lá, ataquei o Max de novo e, desta vez, matei-o!
Alguns dias depois, fui para a rua e os cachorros da vizinhança decidiram vingar-se da morte de Max e mataram-me.
A Clarice lembra-se bem desta história, porque é uma história de muito amor. Eu matei por amor ao meu dono!
Eu acho que a Clarice gosta muito de animais e é INOCENTE!
21 de abril de 2021
Júlia Gomes
Marta Lopes
5ºB
11.ª TESTEMUNHA – A PERIQUITA AUSTRALIANA
Sou uma periquita australiana. Eu não conhecia bem a Clarice, mas ela era amiga da minha dona, que era pianista.
A minha dona não sabia que as fêmeas e os machos da minha espécie têm de estar juntos, porque gostam de dar muitos beijinhos, mas a minha dona, no seu aniversário, só recebeu a fêmea, ou seja, eu.
A Clarice foi sempre muito boa para mim e para os outros animais. Eu considero a Clarice INOCENTE!
21 de abril de 2021
Laura Pinto
5ºB
12.ª TESTEMUNHA – O CAVALO MARINHO
Eu sou um cavalo-marinho. As pessoas gostam de me ver nadar, porque o meu movimento as faz lembrar homens e mulheres a dançar devagar.
Vivo perto de uma ilha encantada. Aqui o ar cheira a capim, que parece cantar ao vento. Do mar consigo ver a cidade das borboletas, no meio de um bambual. As borboletas são pequenas, grandes, azuis, amarelas e de todas as cores e eu adoro ver o seu lindo bailado.
Aqui reina o silêncio, mas é um silêncio atravessado pelos sons dos seus habitantes vegetais e de animais que falam connosco. E querem saber o que dizem? Depende de estarmos tristes ou alegres, com fome de beleza e de conversa.
Nesta ilha moram as crianças um pouco tristes que antes nunca tinham tido a oportunidade de conversar com as plantas e os animais. Gostaria tanto de nadar com essas crianças e de levá-las a conhecer o fundo do mar. O fundo do mar é azul e de todas as outras cores, por causa dos ouriços coloridos, das estrelas do mar e das algas que, ao moverem-se, lhe dão um colorido ondulante.
Se eu fosse um menino, poderia ouvir o canto dos pássaros de todas as cores e tamanho, que sobrevoam a ilha. Poderia saborear o sabor de tantas frutas: jacas, cajus, cajás, graviolas, bananas, cocos, goiabas brancas e vermelhas e pitangas escarlate.
No fundo do mar há cardumes de peixes pequenos e grandes e muitos delfins iluminados pela fosforescência das plantas do mar.
A Clarice toma muito bem conta das crianças um puco tristes e conta-lhes como é a vida no fundo do mar. Eu considero-a INOCENTE!
Outra coisa, se não sabem o que significa fosforescência, perguntem à vossa Professora!
21 de abril de 2021
Prof.ª Sandra Pratas
13.ª TESTEMUNHA – A CADELA BOLINHA
Olá, eu sou a cadela bolinha. Eu não conhecia muito bem a Clarice mas ela era amiga da minha dona.
Eu sou uma cadela muito normal, mais normal do que muitas pessoas apesar de ser muito sensível e um bocadinho nervosa.
Sou a mãe perfeita e gosto de apresentar os meus filhotes às pessoas empurrando-os com o focinho.
Eu acho que a Clarice não foi uma boa mãe, não soube cuidar dos seus filhotes, e por isso eu considero-a CULPADA!
21 de abril de 2021
João Silva
5ºB
14.ªs
TESTEMUNHAS – OS PEIXES VERMELHOS
Nós somos os Vermelhinhos, os peixes que a Clarice matou. Dizemos desde já que a Clarice é INOCENTE, porque ela não nos matou de propósito. Ela ficou muito triste com a nossa morte. A Clarice dava-nos sempre comida e mantinha o aquário com água limpa.
Sim, perdoamos a Clarice! Ela tratou sempre bem de nós.
21 de abril de 2021
Francisco Silva
5ºB
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