Decorreu no dia 24 de abril de 2025 a última sessão do 5.º B
dos Clubes de Leitura na Escola
O sexto encontro dos Clubes de Leitura na turma do 5.º B viajou até ao outro lado do oceano onde a Língua Portuguesa tem mais açúcar.
Assim, foi com o inocente mistério presente em A Mulher que matou os peixes de Clarice Lispector que se iniciou mais uma aventura literária para os pequenos mas ávidos leitores.
O título - A mulher que matou os peixes - é enganador e remete-nos para as habituais histórias de crime em que cabe ao leitor desempenhar o papel de detetive, formulando várias hipóteses de resolução do enredo e tentando identificar o criminoso.
A obra defrauda este intento logo na primeira linha, onde a narradora se identifica como a autora do crime horrendo de ter matado dois peixinhos vermelhos que viviam num aquário.
Apesar da admissão da sua culpa, a narradora deixa bem claro que o seu crime não fora intencional, mas que só no fim de contar algumas histórias poderá explicar como tudo aconteceu.
O grosso da narração é assim um conjunto de histórias sobre animais e insetos e que constituem no fundo a sua defesa.
Através da análise destas pequenas histórias, a narradora, que aqui se confunde com a autora, espera provar às crianças a quem se dirige diretamente, que é uma boa pessoa, amiga de animais e crianças.
E foi precisamente para encontrar esse veredicto que se formou, neste sexto encontro, um TRIBUNAL com ré, juízes e testemunhas abonatórias e de acusação.
Coube assim a cada aluno incarnar um dos animais visados nestas histórias, descrever as suas circunstâncias, discorrer sobre o caráter da ré Clarice e pronunciar-se sobre a sua inocência ou a sua culpabilidade.
A Professora Dora Justino fez o papel da ré Clarice, dando início à sessão com a admissão da sua culpa mas apelando à absolvição pelo coletivo de juízes.
Mais tarde, as testemunhas, agora transformadas em juízes, com uma pronúncia de seis votos de culpada e OITO de inocente, declararam a absolvição de Clarice.
Vejam aqui os testemunhos dos animais ouvidos neste tribunal improvisado do 5.º B:


1.ª TESTEMUNHA – O CAVALO MARINHO
Eu sou um cavalo-marinho. As pessoas gostam de me ver nadar, porque o meu movimento as faz lembrar homens e mulheres a dançar devagar.
Vivo perto de uma ilha encantada. Aqui o ar cheira a capim, que parece cantar ao vento. Do mar consigo ver a cidade das borboletas, no meio de um bambual. As borboletas são pequenas, grandes, azuis, amarelas e de todas as cores e eu adoro ver o seu lindo bailado.
Aqui reina o silêncio, mas é um silêncio atravessado pelos sons dos seus habitantes vegetais e de animais que falam connosco. E querem saber o que dizem? Depende de estarmos tristes ou alegres, com fome de beleza e de conversa.
Nesta ilha moram as crianças um pouco tristes que antes nunca tinham tido a oportunidade de conversar com as plantas e os animais. Gostaria tanto de nadar com essas crianças e de levá-las a conhecer o fundo do mar. O fundo do mar é azul e de todas as outras cores, por causa dos ouriços coloridos, das estrelas do mar e das algas que, ao moverem-se, lhe dão um colorido ondulante.
Se eu fosse um menino, poderia ouvir o canto dos pássaros de todas as cores e tamanho, que sobrevoam a ilha. Poderia saborear o sabor de tantas frutas: jacas, cajus, cajás, graviolas, bananas, cocos, goiabas brancas e vermelhas e pitangas escarlate.
No fundo do mar há cardumes de peixes pequenos e grandes e muitos delfins iluminados pela fosforescência das plantas do mar.
A Clarice toma muito bem conta das crianças um pouco tristes e conta-lhes como é a vida no fundo do mar. Eu considero-a INOCENTE!
Outra coisa, se não sabem o que significa fosforescência, perguntem à vossa Professora!
Prof.ª Sandra Pratas
2.ª TESTEMUNHA – A GATA CHICA
Olá! Olá! Fui um dos muitos gatos da Clarice. O meu nome é Chica e sou cor de laranja, com manchas de um cor de laranja mais escuro.
Eu acho que ela está inocente e passo a explicar. Quando eu vivia com ela, de vez em quando tinha ninhadas de gatinhos bebés, ou seja, tinha os meus filhotes. Mesmo depois de eles já serem crescidos, ela nunca deixou que ninguém se desfizesse deles e de mim.
Mas um dia, quando já ninguém podia connosco, os grandes deram-nos às escondidas da Clarice. A nossa dona ficou tão, mas tão triste, que até adoeceu. Vejam lá o que ela gostava de mim e dos meus filhotes.
Depois de nos terem abandonado, os pais dela deram-lhe um gato de pano, mas como ela estava habituada a gatos reais, não lhe ligou nenhuma. A febre só lhe passou muito tempo depois.
E com esta história eu demonstro a minha convicção de que a Clarice está INOCENTE e adora animais!
Matilde Damião, 5.º B
3.ª TESTEMUNHA – A BARATA
Olá! Eu sou uma barata e não gosto MESMO NADA da Clarice, porque sempre que eu e as minhas amigas baratas invadimos a casa dela, ela decide chamar um exterminador estúpido que espalha um remédio estranho pela casa toda e que tem um cheiro insuportável. Cheira tão mal, tão mal, tão mal, que ficamos tontas e morremos!
A Clarice é uma assassina, porque até quando ganhamos coragem para voltar para aquele sítio horrível, aí uns seis meses depois, ela volta a chamar o homem do remédio estranho.
Merece ser castigada pelos seus atos e deve ser declarada CULPADA!
Gabriela Figueiredo, 5.º B
4.ª TESTEMUNHA – A LAGARTIXA
Sou uma lagartixa. Sou engraçada e não faço mal a ninguém. Sou considerada um bicho natural, daqueles que não são comprados nem convidados.
Adoro comer moscas e mosquitos. Para mim são uma sobremesa deliciosa.
Não gosto de pessoas porque tenho medo delas. Há pessoas que gostam de matar os bichos da minha espécie com um chinelo. Eu não falo nem canto nem danço mas sirvo para limpar a casa dos humanos dos insetos. Mas seria um perigo para os humanos se fosse do tamanho de um jacaré.
Tenho pena de não ter sido convidada para a casa da Clarice porque sou muito útil em qualquer casa.
Para mim ela é culpada porque disse que não seria capaz de matar nem um inseto e depois chamava um exterminador para matar as baratas.
A Clarice é uma mentirosa e para mim ela é CULPADA!
Assis Lopes e Rodrigo Santos, 5.º B
5.ª TESTEMUNHA – OS COELHOS
Olá! Nós somos os coelhos. Um dia a Clarice convidou-nos para morar com ela. Nós os coelhos temos uma vida muito secreta, quero dizer, com muitos segredos.
A Clarice até chegou a escrever um livro sobre nós. E o livro chamava-se “O Mistério do Coelho Pensante”.
A Clarice gosta muito de escrever histórias para crianças e para gente grande. Ela fica muito feliz quando os grandes e os pequenos gostam do que ela escreve.
Há pessoas que comem coelhos, mas a Clarice não os come porque pensa que está a comer um amigo. Eu acredito que ela gosta de animais, sobretudo de coelhos.
Por isso, nós os coelhinhos, achamos que a Clarice está INOCENTE deste crime!
António Carramona; João Rocha; José Simão; 5.º B
6.ª TESTEMUNHA – O PATO
Eu sou um pato e o meu modo de andar é muito engraçado!
Antes de ser comprado pela Clarisse e onde quer que eu passasse, todos gozavam comigo. Mas a Clarice nunca gozou comigo. Ela adotou-me e fomos muito amigos.
Eu tenho a certeza de que a Clarice é INOCENTE.
Pedro Viana, 5.º B
7.ª TESTEMUNHA – O PINTAINHO
Olá! Eu sou um pintainho e gosto muito da Clarice.
Nós, os pintainhos, somos como os humanos, gostamos muito do conforto das nossas mães, e a Clarice aquece-nos nas suas mãos como se fosse a nossa mãe.
Eu acho que a Clarice é INOCENTE porque sempre nos confortou.
Alice Estevão e Inês Gomes, 5.º B
8.ª TESTEMUNHA – O CÃO DILERMANDO
Olá! O meu nome é Dilermando. Sou um cachorro rafeiro e vivo em Itália. Tenho focinho de brasileiro, apesar de ser italiano.
Eu fui o primeiro cão da Clarice. Eu gostava muito dela mas ela não me levou consigo quando foi viver para a Suíça e deu-me a outra pessoa. Fiquei muito triste com isso porque os cães são guiados pelo amor do coração dos outros e deles mesmos.
Eu acho que ela é CULPADA e merece ser condenada à morte pelo tanto que ela me fez sofrer.
Vasco Castro, 5.º B
9.ª TESTEMUNHA – O MACACO
Olá! Eu sou o macaco que apareceu no terraço dos fundos da casa da Clarice. Sou um macaco grande e forte, agitado e nervoso, pareço um filhote de gorila!
Eu acho que a Clarice é culpada porque ela, quando conheceu, achou-me imensa piada e até me deixou ficar a morar com ela e com a sua família, mas depois deu-me a outras pessoas.
Ela dizia que eu fazia muita confusão, que a casa ficava toda desarrumada e que eu parecia um homem maluco. Mas eu não tinha culpa de ser um macaco.
Quando souberam que eu já não voltava, todas as pessoas da família ficaram tristes e zangadas com Clarice!
Ela não tinha nada que me ter oferecido a outras pessoas! Eu também fiquei muito triste e zangado!
A Clarice não tem coração e não ama verdadeiramente os animais!
Por isso, na minha opinião, a Clarice é CULPADA!
Leonor Pereira e Laura Anacleto, 5.º B
10.ª TESTEMUNHA – A MACAQUINHA LISETE
Eu sou a macaquinha Lisete. Um dia, a Clarice andava às compras, viu-me e decidiu comprar-me como prenda de Natal para os filhos. Ela gostou muito de mim porque eu usava uma saia vermelha e também usava brincos e colares baianos.
Como eu estava sempre muito quietinha e dormia muito, a Clarice começou a desconfiar que eu não estava bem de saúde.
Eu acho que ela é INOCENTE e gosta de todos os animais porque até me levou ao veterinário e ficou desolada quando eu morri.
Noa Pedreira, 5.º B
11.ª TESTEMUNHA – O CÃO BRUNO BARBERINI DE MONTEVERDI
O meu nome é Bruno Barberini de Monteverdi. Eu não conhecia a Clarice, mas ela era amiga do meu dono, o Roberto. Eu amava muito o Roberto e o meu único amigo chamava-se Max.
Um dia o Max foi almoçar a minha casa e Roberto entrou na cozinha. O Max resolveu fazer festinhas ao Roberto e eu pensei que ele lhe ia fazer mal; então ataquei-o, mas acabei por ter de ir para o hospital.
Quando voltei, decidi atacar o Max de novo, mas lá fui parar ao hospital outra vez! Quando saí de lá, ataquei o Max de novo e, desta vez, acabei por matá-lo!
Alguns dias depois, fui para a rua e os cachorros da vizinhança decidiram vingar-se da morte de Max e mataram-me.
O meu crime foi matar por amor. Eu amava o Max mas amava ainda mais o meu dono
A Clarice deve ser declarada INOCENTE porque ela lembra-se bem desta história e sabe que eu matei por amor ao meu dono!
Rita Minez, 5.º B
12.ª TESTEMUNHA – A PERIQUITA AUSTRALIANA
Sou uma periquita australiana. Para quem não saiba, nós os periquitos australianos gostamos muito de estar acompanhados. Somos tão amorosos que passamos os dias aos beijos e não podemos ser separados dos nossos companheiros. Até podemos morrer com saudades dos nossos machos ou fêmeas!
Eu não conhecia bem a Clarice, mas ela era amiga da minha dona, que era pianista. Eu fui-lhe oferecida como prenda de aniversário mas acabei por adoecer com saudades do meu macho e acabei por morrer.
A minha dona não sabia que as fêmeas e os machos da minha espécie têm de estar juntos, porque gostam de dar muitos beijinhos, mas a minha dona, no seu aniversário, só recebeu a fêmea, ou seja, eu.
Eu acho que a Clarice é CULPADA por não ter avisado a minha nova dona que eu precisava de um companheiro.
Jéssica Loureto, 5.º B
13.ª TESTEMUNHA – JACK, O CÃO AMERICANO
Olá, eu sou o Jack. A Clarice comprou-me quando estava a passar um tempo nos Estados Unidos da América.
Eu sou um cão que a cada segundo, a cada minuto e a cada hora, está sempre a ladrar. Apesar disso, a Clarice sempre tratou muito bem de mim e só me deu a outras pessoas para evitar que um vizinho me desse um tiro.
E ela teve o cuidado de me dar a umas pessoas muito boas que sabia que me iriam tratar bem.
Na minha opinião a Clarice é INOCENTE!
Henrique Alípio, 5.º B
14.ªs TESTEMUNHAS – OS PEIXES VERMELHOS
Nós somos os Vermelhinhos, os peixes que a Clarice matou. Ficámos sem comida porque a Clarice estava a escrever um livro e esqueceu-se de nos alimentar.
A ré é CULPADA e merece ser condenada a prisão pelo período de cinco anos, ou mais, pelo crime de homicídio por negligência.
Beatriz Tico, 5.º B
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