quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

PROJETO NEWTON E OS PRINCÍPIOS DO CINEMA DE ANIMAÇÃO

No âmbito das atividades do Projeto “Newton Gostava de Ler”, desenvolvido na Biblioteca Escolar D. Carlos I, os alunos do 7.º D e 7.º E, foram convidados a participar numa destas sessões do projeto, tendo as mesmas decorrido nos dias 7 e 14 de dezembro de 2022.

      

A primeira parte da atividade iniciou-se com uma abordagem teórica dos princípios básicos da animação. Como o próprio nome indica, “animar” significa dar vida, e a animação é uma técnica que transmite a aparência de movimento a imagens ou objetos imóveis. Existem incontáveis formas de fazer animação e os materiais podem ir desde desenhos, bonecos de papel, fotografias, objetos inanimados ou as versáteis personagens moldadas em plasticina.

O efeito de animação acontece ao mostrar rapidamente uma série de imagens estáticas, os chamados “fotogramas”. Não reparamos nos espaços entre as imagens porque o nosso cérebro preenche esses intervalos, fazendo o movimento parecer contínuo. Assim, em vez de vermos uma mera sequência de fotogramas isolados, vemos imagens que ganham vida. Quando os fotogramas são sequenciados e o resultante filme é projetado, produz-se a ilusão de um movimento contínuo devido ao fenómeno conhecido por “Persistência Retiniana” ou “Efeito PHI”. 


No início do século XIX, os inventores começaram a explorar a ideia de movimento, concebendo diapositivos onde apareciam pequenas sequências de movimentos animados, geralmente num ciclo contínuo, a que agora chamamos “Jogos ou Brinquedos Ópticos”. 

O Taumatrópio, o Fenaquistiscópio, o Zootrópio e o Praxinoscópio são alguns desses brinquedos que criavam a ilusão de movimento.

O taumatrópio, muito popular entre as crianças na época Vitoriana, consiste num disco com um desenho diferente em cada um dos lados e dois pedaços de fio atados em extremos opostos. Basta girar o disco para que os dois desenhos se fundam numa única imagem. 
Para observar a magia de um zootrópio basta dispor as imagens numa tira colocada num fundo de um tambor. Quando o tambor gira, e ao olhar através das ranhuras abertas a intervalos, é possível ver as imagens a movimentarem-se.

O Fenaquistiscópio foi criado por Joseph Plateu e Simon van Stampfer, entre 1828 e 1832, tendo-se baseado na teoria de que a imagem permanecia na retina humana durante uma fração de segundos. 

Para dar esse efeito ilusório, Plateu prendeu dois discos de papel a um eixo comum, sendo que num dos discos eram recortadas pequenas janelas à frente das quais, no outro disco, eram feitos vários desenhos em sequência. 
Ao serem girados os discos, os desenhos eram vistos sequencialmente através das aberturas, dando a ilusão de um movimento.

Contudo, aquele que é considerado o primeiro desenho animado, surgiu em Paris, no ano de 1892 pelas mãos de Émile Reynaud
Este francês inventou, em 1877, o praxinoscópio, que era um sistema de animação de 12 imagens. 
Nos anos sucessivos foi aperfeiçoando o seu praxinoscópio até conseguir um sofisticado aparelho óptico, o “Théatre Optique”, sistema muito próximo dos projetores atuais, capaz de projetar imagens em movimento num écran: as pantomimas luminosas

O seu complexo Teatro Óptico, que permitia a realização de espetáculos com a duração de 30 minutos, consistia numa sequência de cerca de 600 imagens pintadas numa tira contínua que se enrolava e desenrolava em duas bobines; um elaborado jogo de espelhos refletia as figuras animadas no écran e uma Lanterna Mágica projetava o fundo sobreposto.

O pai do cinema de animação, Émile Cohl, nasceu em França, Paris, em 1857 e morreu em 1938. 

Lembre-se que os inventores do cinema moderno também se originaram neste país, os irmãos Auguste e Louis Lumière

Émile Cohl, o pai do desenho animado cinematográfico, começou a trabalhar como aprendiz de joalheiro, mais tarde como ajudante de ilusionista e finalmente descobriu a sua paixão pelo desenho. 

Tornou-se um caricaturista famoso, trabalhando para vários jornais e revistas da época. 
A sua entrada no mundo do cinema deu-se graças a um acaso. Um dia dirigiu-se a uma famosa empresa cinematográfica para reclamar a utilização de um dos seus desenhos sem a sua autorização. Gostaram tanto dos seus desenhos que o contrataram. 

Fantasmagorie, realizado em 1908, foi o seu primeiro filme e marca a história do cinema de animação. 

Os seus filmes eram caracterizados por desenhos muito simples, normalmente compostos por traços brancos sobre fundo preto. 

O “Fantoche” foi uma das personagens mais importantes desenhadas por Émile Cohl e é considerado um antepassado dos primeiros desenhos animados americanos como o Gato Félix e o Rato Mickey.


Félix the Cat (em português conhecido como Gato Félix) é uma personagem de desenho animado, criado na época dos filmes mudos, por Otto Messmer. 

Um gato de corpo preto, olhos brancos e uma gargalhada característica, fazem da personagem uma das mais conhecidas do mundo, nos anos 20. 

O sucesso de Félix entrou em declínio no final da década de 1920, com a chegada dos desenhos animados sonoros, particularmente os do Rato Mickey, de Walt Disney.


Não se pode falar de cinema de animação sem lembrar Lotte Reiniger. A contribuição de Lotte Reiniger para o cinema de animação é muito original, sobretudo porque ela não teve seguidores. 

Lotte Reiniger trabalhou em todos os seus filmes com as chamadas sombras chinesas, isto é, silhuetas recortadas, inspirando-se nos teatros de silhuetas da Indonésia, que utilizam esta técnica. 

No segundo momento da atividade, e depois de uma viagem teórica aos primórdios do cinema e às várias técnicas do cinema de animação, coube aos alunos construírem brinquedos que exploraram o princípio da ilusão de ótica e que constituíram os alicerces do cinema de animação tal como o conhecemos hoje em dia. 

O primeiro brinquedo foi um simples folioscópio de duas folhas. Este brinquedo é bastante semelhante ao conhecido Flip Book, apenas diferindo na forma. 

Numa folha de mais ou menos 20 x 8 cm, desdobramo-la ao meio, e, na segunda metade da folha fazemos um simples desenho. Ao enrolar e desenrolar sobre a segunda folha, obtemos uma ilusão de movimento. 

Foi com espanto que os alunos verificaram que, a partir de dois desenhos muito semelhantes, a passagem de um desenho para outro é anulada pela persistência da imagem na retina. E é precisamente porque os desenhos são tão semelhantes que é possível enganar o nosso cérebro, que acaba por identificar os dois desenhos como um só. As pequenas diferenças entre um e outro são interpretadas pelo nosso cérebro como sendo o movimento.

O segundo brinquedo construído pelos jovens animadores foi o famoso taumatrópio, que, apesar de velhinho, continua a ter um efeito encantatório mesmo nas crianças do século XXI.  

Houve ainda a oportunidade de constatar a magia da animação através de um zootrópio caseiro, construído pela Professora Bibliotecária, e de manusear Flip Books construídos por alunos da nossa escola em oficinas de animação. No “Flip Book” a imagem muda ligeiramente de página para página numa sequência que vai do princípio ao fim.

Foi deveras agradável assistir ao encantamento das crianças que, ao deixar correr muito rapidamente as imagens, verificavam como as criações ganhavam movimento.

Esta atividade cumpriu claramente com uma das missões da Biblioteca Escolar que consiste na criação de contextos aprendentes, que integrem diversos recursos, despertando nos alunos o interesse e entusiasmo em adquirir novos saberes. 

E não esqueçamos que a animação, muito mais do que um saber, muito mais do que um mero entretenimento televisivo ou cinematográfico, é uma forma de arte em si mesma, celebrada em festivais de cinema em todo o mundo.

7.º D - 7 DE DEZEMBRO





 

7.º E - 14 DE DEZEMBRO







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