terça-feira, 20 de dezembro de 2022

1.º LIVRO DOS CLUBES DE LEITURA DO 6.º ANO

Decorreram nos dias 15 de dezembro – 6.º C –,e 20 de dezembro – 6.º G –,as duas primeiras sessões dos  Clubes de Leitura na Escola. 



A obra trabalhada foi História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar de Luis Sepúlveda. 

A metodologia da exploração foi a do reconto por parte dos alunos com a ajuda de imagens sobre a história que iam sendo projetadas e depois um debate sobre quais as principais mensagem veiculadas. 

A obra, para além da beleza da escrita, é um hino à humildade, à bondade, à honra, à lealdade, à nobreza de caráter, ao altruísmo, à amizade, à cumplicidade, à honestidade, à sensiblidade, ao sentido de responsabilidade, à tolerância, à aceitação da diferença. 

Com a promoção de todos estes valores positivos e fundamentais para a formação de uma cidadania ativa e de uma sensibilidade empática, a par de uma belíssima história que ora nos deixa os olhos humedecidos ora nos faz encaracolar os cantos dos lábios, a escolha sobre a primeira obra a abordar nestes encontros não poderia ter sido outra. 







A história começa com um bando de gaivotas do Farol da Areia Vermelha planando por correntes de ar cálido sobre a foz do rio Elba, no mar do Norte, antes de continuarem voo para Den Helder, onde se lhes juntaria um outro bando das ilhas Frísias. 
No plano de voo estava previsto que seguiriam depois até ao estreito de Calais e ao Canal da Mancha, onde seriam recebidas pelos bandos da baía do Sena e de Saint-Malo, com os quais voariam juntas até chegarem aos céus de Biscaia. 


Esta mancha de prata iria aumentar depois com a incorporação dos bandos de Belle-Île e de Oléron, dos cabos de Machicaco, do Ajo e de Peñas. 

E seria precisamente o golfo de Biscaia o destino de todos estes bandos que se dirigiam à grande convenção das gaivotas do Mar Báltico, do Norte e do Atlântico. 

Infelizmente uma destas gaivotas, Kengah, apanhada por uma maré negra, acaba por, moribunda, aterrar numa varanda com vista sobre o porto de Hamburgo onde vivia um gato grande preto e gordo, o Zorbas

Antes de morrer Kengah põe um ovo e suplica a Zorbas que lhe faça três promessas: não comer o ovo, tomar  conta da sua cria e, quando esta nascesse, ensiná-la a voar. Sem saber muito bem no que se estava a meter, Zorbas aceita.

Imbuído do sentido de dever e decidido a fazer cumprir a sua palavra honesta de gato do porto, Zorbas empenha-se na educação da gaivotinha, mas como a tarefa de educar se revela mais difícil do que o esperado, Zorbas conta com a ajuda dos seus fiéis amigos, Secretário e Colonello, para o ajudarem a levar a missão a bom porto. Aliás, uma promessa de honra contraída por um gato do porto obriga todos os gatos do porto. 
Através das informações do livro do saber do Sabetudo e do voluntarismo dos restantes, os quatro gatos empreendem a missão de honrar a promessa de Zorbas ao participar na educação da gaivotinha a quem batizam de Ditosa. Bem-afortunada sob a proteção dos gatos do porto, Ditosa cresce a pensar e a agir como um gato. 
No entanto é preciso honrar as promessas feitas e chega ao momento em que é preciso ensiná-la a voar. Com a ajuda de um poeta e abençoada pela chuva, Ditosa encontra finalmente o anseio de voar que prevalece sobre o medo e assim, cumpre o seu destino.
A história termina com o seu pai adotivo a contemplá-la uma última vez com os seus olhos amarelos, embaciados pela chuva ou pela dor, olhos amarelos de gato grande, preto e gordo, de gato bom, de gato nobre, de gato do porto! 


Primeiramente importa salientar a dicotomia estabelecida por esta obra, a todos os títulos excecional, entre humanos, corrompidos pelos vícios, e os animais, regidos por fortes valores de honra e de dever e nobres sentimentos, valores esses que os primeiros abandonaram. 
 
Curioso como o chimpanzé Matias é o único animal que não obedece aos rígidos códigos morais dos outros habitantes do porto. Talvez porque fisicamente é o que está mais próximo do homem, já se apresenta corrompido pela ganância e pela mentira. 

Na verdade, e a obra ensina-nos isso. Há homens bons, como os ambientalistas nos seus barquitos de borracha tentando impedir a maldição dos mares. Infelizmente os homens sem consciência moral ou ambiental sobrepõem-se-lhes, envenenando o oceano com manchas viscosas de petróleo e os rios com pneus, toneladas de garrafas plásticas e barris de inseticidas. 

O poeta é também dos poucos que escapa à dura crítica do narrador, que ao voar com palavras belas que alegram ou entristecem, produzindo sempre prazer e suscitando o desejo de continuar a ouvir, inspira confiança. E daí os animais o escolherem para ajudar a sua filha adotiva a cumprir o seu destino de gaivota. 

Mais do que uma fábula, História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, assume contornos de parábola onde, mediante o uso de situções e linguagem figuradas, se transmitem ensinamentos morais, e dando como exemplo a profunda dignidade dos animais que nos surgem imbuídos de maior humanidade do que os próprios humanos.

kengah morre ao tentar alcançar o campanário de São Miguel e Ditosa encontra a sua verdadeira natureza lançando-se do mesmo, funcionando assim a torre da igreja de hamburgo como símbolo simultâneo de morte e renascimento. 

Esta obra, parafraseando Saramago, deveria ser de leitura obrigatória também para adultos, sobretudo porque nos relembra que "só voa quem se atreve a fazê-lo".  

NATAL SOLIDÁRIO NA EB D. CARLOS I






quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

PROJETO NEWTON E OS PRINCÍPIOS DO CINEMA DE ANIMAÇÃO

No âmbito das atividades do Projeto “Newton Gostava de Ler”, desenvolvido na Biblioteca Escolar D. Carlos I, os alunos do 7.º D e 7.º E, foram convidados a participar numa destas sessões do projeto, tendo as mesmas decorrido nos dias 7 e 14 de dezembro de 2022.

      

A primeira parte da atividade iniciou-se com uma abordagem teórica dos princípios básicos da animação. Como o próprio nome indica, “animar” significa dar vida, e a animação é uma técnica que transmite a aparência de movimento a imagens ou objetos imóveis. Existem incontáveis formas de fazer animação e os materiais podem ir desde desenhos, bonecos de papel, fotografias, objetos inanimados ou as versáteis personagens moldadas em plasticina.

O efeito de animação acontece ao mostrar rapidamente uma série de imagens estáticas, os chamados “fotogramas”. Não reparamos nos espaços entre as imagens porque o nosso cérebro preenche esses intervalos, fazendo o movimento parecer contínuo. Assim, em vez de vermos uma mera sequência de fotogramas isolados, vemos imagens que ganham vida. Quando os fotogramas são sequenciados e o resultante filme é projetado, produz-se a ilusão de um movimento contínuo devido ao fenómeno conhecido por “Persistência Retiniana” ou “Efeito PHI”. 


No início do século XIX, os inventores começaram a explorar a ideia de movimento, concebendo diapositivos onde apareciam pequenas sequências de movimentos animados, geralmente num ciclo contínuo, a que agora chamamos “Jogos ou Brinquedos Ópticos”. 

O Taumatrópio, o Fenaquistiscópio, o Zootrópio e o Praxinoscópio são alguns desses brinquedos que criavam a ilusão de movimento.

O taumatrópio, muito popular entre as crianças na época Vitoriana, consiste num disco com um desenho diferente em cada um dos lados e dois pedaços de fio atados em extremos opostos. Basta girar o disco para que os dois desenhos se fundam numa única imagem. 
Para observar a magia de um zootrópio basta dispor as imagens numa tira colocada num fundo de um tambor. Quando o tambor gira, e ao olhar através das ranhuras abertas a intervalos, é possível ver as imagens a movimentarem-se.

O Fenaquistiscópio foi criado por Joseph Plateu e Simon van Stampfer, entre 1828 e 1832, tendo-se baseado na teoria de que a imagem permanecia na retina humana durante uma fração de segundos. 

Para dar esse efeito ilusório, Plateu prendeu dois discos de papel a um eixo comum, sendo que num dos discos eram recortadas pequenas janelas à frente das quais, no outro disco, eram feitos vários desenhos em sequência. 
Ao serem girados os discos, os desenhos eram vistos sequencialmente através das aberturas, dando a ilusão de um movimento.

Contudo, aquele que é considerado o primeiro desenho animado, surgiu em Paris, no ano de 1892 pelas mãos de Émile Reynaud
Este francês inventou, em 1877, o praxinoscópio, que era um sistema de animação de 12 imagens. 
Nos anos sucessivos foi aperfeiçoando o seu praxinoscópio até conseguir um sofisticado aparelho óptico, o “Théatre Optique”, sistema muito próximo dos projetores atuais, capaz de projetar imagens em movimento num écran: as pantomimas luminosas

O seu complexo Teatro Óptico, que permitia a realização de espetáculos com a duração de 30 minutos, consistia numa sequência de cerca de 600 imagens pintadas numa tira contínua que se enrolava e desenrolava em duas bobines; um elaborado jogo de espelhos refletia as figuras animadas no écran e uma Lanterna Mágica projetava o fundo sobreposto.

O pai do cinema de animação, Émile Cohl, nasceu em França, Paris, em 1857 e morreu em 1938. 

Lembre-se que os inventores do cinema moderno também se originaram neste país, os irmãos Auguste e Louis Lumière

Émile Cohl, o pai do desenho animado cinematográfico, começou a trabalhar como aprendiz de joalheiro, mais tarde como ajudante de ilusionista e finalmente descobriu a sua paixão pelo desenho. 

Tornou-se um caricaturista famoso, trabalhando para vários jornais e revistas da época. 
A sua entrada no mundo do cinema deu-se graças a um acaso. Um dia dirigiu-se a uma famosa empresa cinematográfica para reclamar a utilização de um dos seus desenhos sem a sua autorização. Gostaram tanto dos seus desenhos que o contrataram. 

Fantasmagorie, realizado em 1908, foi o seu primeiro filme e marca a história do cinema de animação. 

Os seus filmes eram caracterizados por desenhos muito simples, normalmente compostos por traços brancos sobre fundo preto. 

O “Fantoche” foi uma das personagens mais importantes desenhadas por Émile Cohl e é considerado um antepassado dos primeiros desenhos animados americanos como o Gato Félix e o Rato Mickey.


Félix the Cat (em português conhecido como Gato Félix) é uma personagem de desenho animado, criado na época dos filmes mudos, por Otto Messmer. 

Um gato de corpo preto, olhos brancos e uma gargalhada característica, fazem da personagem uma das mais conhecidas do mundo, nos anos 20. 

O sucesso de Félix entrou em declínio no final da década de 1920, com a chegada dos desenhos animados sonoros, particularmente os do Rato Mickey, de Walt Disney.


Não se pode falar de cinema de animação sem lembrar Lotte Reiniger. A contribuição de Lotte Reiniger para o cinema de animação é muito original, sobretudo porque ela não teve seguidores. 

Lotte Reiniger trabalhou em todos os seus filmes com as chamadas sombras chinesas, isto é, silhuetas recortadas, inspirando-se nos teatros de silhuetas da Indonésia, que utilizam esta técnica. 

No segundo momento da atividade, e depois de uma viagem teórica aos primórdios do cinema e às várias técnicas do cinema de animação, coube aos alunos construírem brinquedos que exploraram o princípio da ilusão de ótica e que constituíram os alicerces do cinema de animação tal como o conhecemos hoje em dia. 

O primeiro brinquedo foi um simples folioscópio de duas folhas. Este brinquedo é bastante semelhante ao conhecido Flip Book, apenas diferindo na forma. 

Numa folha de mais ou menos 20 x 8 cm, desdobramo-la ao meio, e, na segunda metade da folha fazemos um simples desenho. Ao enrolar e desenrolar sobre a segunda folha, obtemos uma ilusão de movimento. 

Foi com espanto que os alunos verificaram que, a partir de dois desenhos muito semelhantes, a passagem de um desenho para outro é anulada pela persistência da imagem na retina. E é precisamente porque os desenhos são tão semelhantes que é possível enganar o nosso cérebro, que acaba por identificar os dois desenhos como um só. As pequenas diferenças entre um e outro são interpretadas pelo nosso cérebro como sendo o movimento.

O segundo brinquedo construído pelos jovens animadores foi o famoso taumatrópio, que, apesar de velhinho, continua a ter um efeito encantatório mesmo nas crianças do século XXI.  

Houve ainda a oportunidade de constatar a magia da animação através de um zootrópio caseiro, construído pela Professora Bibliotecária, e de manusear Flip Books construídos por alunos da nossa escola em oficinas de animação. No “Flip Book” a imagem muda ligeiramente de página para página numa sequência que vai do princípio ao fim.

Foi deveras agradável assistir ao encantamento das crianças que, ao deixar correr muito rapidamente as imagens, verificavam como as criações ganhavam movimento.

Esta atividade cumpriu claramente com uma das missões da Biblioteca Escolar que consiste na criação de contextos aprendentes, que integrem diversos recursos, despertando nos alunos o interesse e entusiasmo em adquirir novos saberes. 

E não esqueçamos que a animação, muito mais do que um saber, muito mais do que um mero entretenimento televisivo ou cinematográfico, é uma forma de arte em si mesma, celebrada em festivais de cinema em todo o mundo.

7.º D - 7 DE DEZEMBRO





 

7.º E - 14 DE DEZEMBRO







quarta-feira, 30 de novembro de 2022

VENCEDORES DOS BIBLIOCONCURSOS DE NOVEMBRO 2022

EXPOSIÇÃO "HISTÓRIA DE UMA GAIVOTA E DO GATO QUE A ENSINOU A VOAR"

No  âmbito das atividades de comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares, cujo tema anual foi “Ler para a paz e harmonia globais”, a equipa da BECRE D. Carlos I organizou a exposição "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar" com base em trabalhos realizados pelas turmas do 8.º A e 8.º G. 


A mesma esteve patente na galeria Almada Negreiros da EB D. Carlos I ao longo dos meses de outubro e novembro de 2022.


Gostaríamos de deixar aqui um especial agradecimento à Educadora Paula Serra Santos pela sua generosa contribuição para esta homenagem ao grande escritor Luis Sepúlveda. 


A mesma desenhou e ilustrou com evidente mestria as personagens desta história que nos transmite tantas lições sobre o amor, a lealdade, a amizade e a importância dos laços afetivos para uma existência pacífica e harmoniosa.