No âmbito do projeto "O Museu Aqui e Agora e o Futuro que lá Mora", decorreu no dia 4 de junho de 2025, mais uma Oficina de Escrita Criativa com os alunos do 5.º E.
Quando temos vinte e poucos anos e
saímos da faculdade, queremos arranjar um bom emprego, e foi isso que fiz.
Eu, Mishiro, consigo ver fantasmas,
tal como o meu irmão Mikero, e nós somos caçadores de fantasmas. Trabalhamos no
Japão sobretudo, mas um pouco por todo o planeta, se nos pagarem bem.
A nossa cliente favorita, a misteriosa Ayumi Watanabe,
pediu-nos para retirarmos fantasmas de um certo museu, em troca de uma grande
quantia de dinheiro. Quando perguntei o porquê, ela disse que era um assunto pessoal.
Como era a nossa cliente favorita, nós dissemos que sim.
E lá fomos nós, para um museu chamado
“SA.UM”.
Esquisito não é? Pois, pelo que vimos
estava em 15.º lugar na escala da esquisitice.
O Mikero foi pesquisar informações
sobre o museu, mas só encontrou um artigo com uma imagem desfocada. Top 20 da
esquisitice!
Quando chegámos lá, estava tudo
bonitinho. A porta larga, dividida em três partes e três varandas, encontrava-se
bem arranjada e estava um clima bom de Primavera. Estranhamente ouviam-se risos
de crianças, mesmo sem ninguém por perto.
O cheiro da Primavera tocou-me na
cara, e senti-me mais viva do que nunca.
– Isto nem parece que está assombrado…
– disse eu.
– Mas vamos ver na mesma! – respondeu
o Mikero.
Ele abriu a grande porta do palacete e
tudo mudou. Estava tudo cheio de pó e teias de aranha, os quadros estavam de
lado e o ambiente era soturno.
Da boca de quatro caras, moldadas em
cimento e pintadas de branco com feições de outros tempos, saiam sons de rugidos
de leões, portas a ranger, gritos de sofrimento, risos maléficos e quando estas
se calavam, até o som do silêncio era diferente do do exterior, porque fora do
museu conseguia-se ouvir o som da Primavera e risos de crianças, mesmo não
estando nenhuma lá.
Senti frio e desconforto quando olhei
à minha volta. Senti também um cheiro a pó, a peixe morto e fezes, muito
diferente do aroma fresco da relva molhada que rodeava o museu… Tudo à nossa
volta era sinistro!
– O que é isto? Isto é mais
desconfortável do que quando fomos engolidos pelo fantasma- gosma… – exclamei
eu assustada.
– Não me relembres disso!... Foi
horrível!... – pediu Mikero. – Vamos
voltar… te…nho …muito …medo!!!
Ele é grande e por norma não é medroso,
mas este museu é mesmo muito assustador. Ele tem razão! – pensei.
– Ok, vamos! respondi-lhe.
Quando olhei para trás, a escadaria espampanante
que ligava o piso térreo ao andar superior tinha desaparecido! Top mil da
esquesitice! Ficámos tão assustados que desatámos a correr e a gritar.
Quando fiquei cansada de correr, olhei
à minha volta e deparei-me com uma parede lisa e sólida. Mas constatei uma
outra coisa terrível: O Mikero tinha desaparecido!
– O que é que se passa aqui? – gritei
– Nem sinto a presença de fantasmas – acrescentei eu para o meio do nada.
– Vai te embora…– ouvi uma voz – Quero
que te vás embora…
Depois sinto mãos a segurarem-me nas
pernas. Olho para baixo e só vejo um circulo gigante preto de baixo de mim.
Depois, as mãos que sinto nas pernas puxam-me para baixo e fico que tempos a
cair no interior de um enorme poço sem fundo. Até que começo a ouvir:
– Mishiro! Mishiro! Mishiro, acorda!
Acordo. Olho à minha volta e era o Mikero
a chamar-me.
– Finalmente! Acorda, temos de
trabalhar.
Abracei-o com toda a força que tinha.
– Que é isto? Vamos lá! – disse o
Mikero enquanto se dirigia à cozinha.
Foi tudo um sonho – pensei – e depois
olhei para o telemóvel. Tinha uma mensagem. Era da Ayumi Watanabe. E a mensagem
dizia assim:
“Preciso dos vossos serviços, retirar
fantasmas de um museu em Portugal. Pago em dinheiro como
de costume. O nome do museu é MU.SA e em tempos foi um famoso casino.”
Morgana Gonçalves, N.º 17, 5.º E
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