quarta-feira, 4 de junho de 2025

OFICINA DE ESCRITA DO PROJETO "O MUSEU AQUI E AGORA E O FUTURO QUE LÁ MORA"

No âmbito do projeto "O Museu Aqui e Agora e o Futuro que lá Mora", decorreu no dia 4 de junho de 2025, mais uma Oficina de Escrita Criativa com os alunos do 5.º E. 


A criação da aluna Morgana Gonçalves foi eleita pelo grupo como a mais criativa:


“Os caçadores de fantasmas”

Quando temos vinte e poucos anos e saímos da faculdade, queremos arranjar um bom emprego, e foi isso que fiz.

Eu, Mishiro, consigo ver fantasmas, tal como o meu irmão Mikero, e nós somos caçadores de fantasmas. Trabalhamos no Japão sobretudo, mas um pouco por todo o planeta, se nos pagarem bem.

A nossa cliente favorita, a misteriosa Ayumi Watanabe, pediu-nos para retirarmos fantasmas de um certo museu, em troca de uma grande quantia de dinheiro. Quando perguntei o porquê, ela disse que era um assunto pessoal. Como era a nossa cliente favorita, nós dissemos que sim.

E lá fomos nós, para um museu chamado “SA.UM”.

Esquisito não é? Pois, pelo que vimos estava em 15.º lugar na escala da esquisitice.

O Mikero foi pesquisar informações sobre o museu, mas só encontrou um artigo com uma imagem desfocada. Top 20 da esquisitice!

Quando chegámos lá, estava tudo bonitinho. A porta larga, dividida em três partes e três varandas, encontrava-se bem arranjada e estava um clima bom de Primavera. Estranhamente ouviam-se risos de crianças, mesmo sem ninguém por perto.

O cheiro da Primavera tocou-me na cara, e senti-me mais viva do que nunca.

– Isto nem parece que está assombrado… – disse eu.

– Mas vamos ver na mesma! – respondeu o Mikero.

Ele abriu a grande porta do palacete e tudo mudou. Estava tudo cheio de pó e teias de aranha, os quadros estavam de lado e o ambiente era soturno.

Da boca de quatro caras, moldadas em cimento e pintadas de branco com feições de outros tempos, saiam sons de rugidos de leões, portas a ranger, gritos de sofrimento, risos maléficos e quando estas se calavam, até o som do silêncio era diferente do do exterior, porque fora do museu conseguia-se ouvir o som da Primavera e risos de crianças, mesmo não estando nenhuma lá.

Senti frio e desconforto quando olhei à minha volta. Senti também um cheiro a pó, a peixe morto e fezes, muito diferente do aroma fresco da relva molhada que rodeava o museu… Tudo à nossa volta era sinistro!

– O que é isto? Isto é mais desconfortável do que quando fomos engolidos pelo fantasma- gosma… – exclamei eu assustada.

– Não me relembres disso!... Foi horrível!... – pediu  Mikero. – Vamos voltar… te…nho …muito …medo!!!

Ele é grande e por norma não é medroso, mas este museu é mesmo muito assustador. Ele tem razão! – pensei.

– Ok, vamos! respondi-lhe.

Quando olhei para trás, a escadaria espampanante que ligava o piso térreo ao andar superior tinha desaparecido! Top mil da esquesitice! Ficámos tão assustados que desatámos a correr e a gritar.

Quando fiquei cansada de correr, olhei à minha volta e deparei-me com uma parede lisa e sólida. Mas constatei uma outra coisa terrível: O Mikero tinha desaparecido!

– O que é que se passa aqui? – gritei – Nem sinto a presença de fantasmas – acrescentei eu para o meio do nada.

– Vai te embora…– ouvi uma voz – Quero que te vás embora…

Depois sinto mãos a segurarem-me nas pernas. Olho para baixo e só vejo um circulo gigante preto de baixo de mim. Depois, as mãos que sinto nas pernas puxam-me para baixo e fico que tempos a cair no interior de um enorme poço sem fundo. Até que começo a ouvir:

– Mishiro! Mishiro! Mishiro, acorda!

Acordo. Olho à minha volta e era o Mikero a chamar-me.

– Finalmente! Acorda, temos de trabalhar.

Abracei-o com toda a força que tinha.

– Que é isto? Vamos lá! – disse o Mikero enquanto se dirigia à cozinha.

Foi tudo um sonho – pensei – e depois olhei para o telemóvel. Tinha uma mensagem. Era da Ayumi Watanabe. E a mensagem dizia assim:

“Preciso dos vossos serviços, retirar fantasmas de um museu em Portugal. Pago em dinheiro como de costume. O nome do museu é MU.SA e em tempos foi um famoso casino.”

 

Morgana Gonçalves, N.º 17, 5.º E

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